Filhas do Mangue recebeu mais um grande prêmio no último domingo (28), durante a 19ª CineBH – Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte. O projeto, escrito e dirigido pela alagoana Stella Carneiro, venceu o principal prêmio do Brasil CineMundi – 16th International Coproduction Meeting: o troféu Horizonte de Melhor Projeto de Longa-Metragem.
De acordo com o júri oficial, formado por Luana Melgaço, Jorge Cohen e Juliette Lepoutre, o projeto apresentou “uma voz jovem, promissora e profundamente singular”, capaz de entrelaçar vivências íntimas e familiares com discussões sobre meio ambiente, desigualdades regionais e a irreverência das novas gerações.
“Primeira vez que Alagoas vence”
Emocionada, Stella Carneiro destacou a importância histórica da premiação para o estado.
“Foi muito emocionante receber o prêmio. Se eu não me engano, é a primeira vez que Alagoas vence essa categoria principal no CineMundi”, afirmou.
Ela lembrou que outros realizadores alagoanos já haviam participado do evento, como Laís Santos Araújo, Pedro Krull e Ulisses Arthur, mas nenhum projeto havia conquistado o prêmio máximo.
“Acredito que essa foi a primeira vez que um projeto alagoano venceu essa categoria principal”, disse.
Reconhecimento e internacionalização
Além do troféu Horizonte, “Filhas do Mangue” foi contemplado com cerca de R$ 75 mil em serviços de pós-produção, em estúdios que incluem a O2 Filmes, produtora fundada por Fernando Meirelles.
O projeto também recebeu o Prêmio Ventana Sur, garantindo sua apresentação em um dos mais importantes mercados audiovisuais da América Latina, no Uruguai.
Para Stella, a conquista representa não apenas um passo para o filme, mas para o próprio cinema alagoano:
“Esse reconhecimento mostra a força que um projeto alagoano tem. É muito significativo perceber que nossa história, que nasce nas margens de uma lagoa, pode ser reconhecida por pessoas de várias partes do mundo”.
A diretora ressaltou ainda a diversidade da plateia e do júri, que incluiu nomes da França e de Angola, além de produtores e distribuidores do México, Uruguai, Espanha e Alemanha.
“Foi muito importante participar desse evento, porque o CineMundi é um espaço estratégico para a internacionalização do cinema alagoano. É um passo para atrair investidores internacionais interessados em nossas produções”, afirmou.
Representatividade alagoana
A presença de Alagoas na programação foi marcante. Além de “Filhas do Mangue”, a La Ursa Cinematográfica também competiu na categoria Work in Progress com outro longa.
Para Stella, essa representatividade conjunta fortaleceu ainda mais o cinema do estado:
“Alagoas estava lá representando em peso. E receber o prêmio principal no encerramento foi muito emocionante. Agora, preciso dar um jeito de produzir esse filme, porque ganhei os prêmios de pós, mas ainda temos um caminho pela frente”.
Uma trajetória de conquistas
A vitória no Brasil CineMundi soma-se a uma série de reconhecimentos que vêm consolidando a carreira de Stella Carneiro. Entre 2023 e 2024, seu curta Golden Shower circulou em festivais internacionais como o IndieLisboa (Portugal) e o Kurzfilmtage Winterthur (Suíça).
No mesmo período, a diretora participou do Lab Franco-Brasileiro de Roteiros Varilux (RJ) com o projeto Filhas do Mangue. Ainda em 2024, codirigiu o curta A Vaqueira, a Dançarina e o Porco, exibido na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes, uma das seções mais prestigiadas do evento francês.
Em 2025, foi selecionada para a La Factory dos Cineastas / La Factory Ceará-Brasil, dentro do Festival de Cannes, novamente com Filhas do Mangue. Poucos meses depois, em setembro, venceu o FEST Pitching Forum, em Espinho (Portugal), recebendo um prêmio de pós-produção do estúdio britânico BLEAT, em Londres. E agora, na 19ª CineBH, Stella conquista o troféu Horizonte de Melhor Projeto de Longa-Metragem, feito inédito para um projeto alagoano.
Um marco para o futuro
O prêmio coloca “Filhas do Mangue” como um dos projetos brasileiros mais promissores do momento e reforça a potência da produção audiovisual nordestina. Para Stella Carneiro, é também um incentivo pessoal:
“Saio desse festival muito feliz e orgulhosa. Esse é um passo fundamental para seguir em frente e para mostrar que o cinema feito em Alagoas tem muito a dizer, aqui e fora do país”.