O registro conta com quatro faixas autorias que foram compostas durante a fase de isolamento da pandemia
Por Carol Amorim
Com influência de diversos ritmos musicais, artistas nacionais e internacionais e após adquirir experiência com a música através do rap, a alagoana Mammi lançou no último sábado, 4, seu primeiro EP solo e de reggae, o Deboche Vibration, que já está disponível nas principais plataformas digitais. Com quatro músicas autorais, o registro é composto por elementos alagoanos, como o reggae melô e por relatos de vivência na periferia.
O registro começou a ser concebido no início da fase de isolamento da pandemia, revela Mammi, nome artístico de Ana Karolina Justino, 26. “Na época havia perdido o emprego, estava isolada e preocupada. Então, o processo surgiu como forma de dar mais leveza a essa carga pesada que estava acontecendo”, conta.
Para a composição das faixas, Karolina selecionou instrumentais modelos encontrados na Internet e escreveu as músicas com base nessas melodias. Depois desse processo, ela procurou o produtor RareblacK para desenvolver novas sonoridades com base no que ela havia feito e o direito Theobosh9, para mixagem e masterização do EP.
“O reggae faz parte da minha identidade que já tentei renegar. Minha infância e adolescência foram nas quebradas de Rio Largo e, assim como em Maceió, sempre rola os melôs bem altos. Passei a curtir muito e desde lá carrego esse gosto”, detalha a artista ao explicar o motivo de ter escolhido o ritmo para compor seu primeiro EP solo.
Karolina ainda ressalta que, antes desse lançamento, o EP ficou arquivado por dois anos por causa de dificuldades financeiras que enfrentou para finalizar seu trabalho.
“Arquivei o projeto porque estava bem ruim financeiramente. Demorei 2 anos para lançar. O ponto positivo é o de realização pessoal mesmo, porque sinceramente, ser artista independente é super difícil. Você tira do próprio bolso e acaba ficando limitado para criar por causa do orçamento baixo”, frisa.
Entre as influências que estão presentes em sua carreira artística estão os ritmos populares, como o brega, o forró, o funk, arrocha, além do rock, rap e da MPB e artistas como Erykah Badu, Nicki Minaj, Keila, Anitta e nomes alagoanos do reggae.
Os espaços das comunidades periféricas e as pessoas que vivem ao seu redor também podem ser citados como influência para a música composta pela artista.
“Os vizinhos ajudam muito nesse processo, tem sempre alguém com paredão do lado. A periferia sempre foi um local com muita diversidade, acho os ritmos e a cultura que surgem dentro dela muito interessantes”, afirma.
Transição do rap ao reggae
Karolina começou a compor ainda adolescência, ao fazer versões de músicas de artistas como Beyoncé e Chamillionaire com gírias e outros elementos tipicamente alagoanos. Posteriormente, foi integrante de um grupo de maracatu entre 2017 e 2018 e, ainda em 2018, a artista ingressou o grupo de rap Guerreiros do Guetto.
“Quando comecei a fazer rap, meu nome foi Mamiwhata. É um nome dado a um panteão de orixás da água. Como era muito grande, as pessoas começaram a me chamar de Mammi. Abreviei e assim ficou”, conta ao revelar a inspiração ao adotar o nome artístico Mammi.
Karolina ainda expôs que no começo de sua trajetória musical, aos 20 anos, sentia insegurança ao cantar, mas que, apesar disso, enfrentou o medo e persistiu no sonho. E, para alimentá-lo junto com ela, ela cita o apoio que tem da mãe e de amigos.
“Minha mãe é a primeira que me incentiva e sonha comigo. Minhas amigas e amigos são maravilhosos. Eles dão toques, incentivos e estão sempre aqui para me ajudar”, afirma.
Após o lançamento do EP Deboche Vibration, Karolina pretende construir repertório, trabalhar a própria imagem como artista para conseguir vender seus shows e se tornar mais uma representação do reggae em Alagoas, que, para ela, já é bastante representativo nas ruas, apesar de não está em “alta nas rádios”.