Uma crônica de Anna Sales
O Jaraguá estava cheio e não era carnaval, mas até que podia ser, com toda aquela gente e até alguns personagens de livros, fantasiados, passeando pela rua. Além das prévias carnavalescas, nunca tinha visto a famosa rua Sá e Albuquerque tão cheia. Era uma festa linda, a festa da literatura, a 9 edição da Bienal Internacional do Livro de Alagoas. Eu sou uma grande fã da bienal, acho lindo toda aquela gente reunida para ver e comprar livros. Fiquei empolgada quando descobri que esse ano ia ser nas ruas de Jaraguá. Me deu logo a impressão que eles queriam fazer algo parecido com Paraty (nunca fui e tenho a maior vontade de conhecer).
Sair do Centro de convenções e ir para as ruas foi arriscado. Mas foi a melhor coisa que poderiam ter feito. Eu nunca tinha visto tanta gente na Bienal, nem visitando o Jaraguá e é maravilhoso ver que teve participação do público, diante do cenário em que estamos vivendo no Brasil. Mas além dos livros, tinha muita cultura e artesanato. Tanta gente daqui com talentos e nós nunca tínhamos visto. Ilustradores talentosos, estátuas vivas, a Feirinha Cool, que mostra os ‘criativos’ de alagoas nas mais variadas artes.
Dava vontade de estar lá todos os dias. Que maneiro passear tranquilamente por aquelas ruas, subir a escada da associação comercial e ver os artistas lá dentro, passar pelo Beco da Rapariga e na Praça Dois Leões e ver tanta coisa bonita feita por alagoanos na Feirinha Cool, chegar no Espaço Armazém e ver aquela imensidão de livros. Livros e gente interessada neles, afinal, um livro não é nada sem alguém que o leia. Umas das coisas mais legais da Bienal é poder ter a chance de conhecer os artistas.
Conheci uma menina de apenas 21 anos que veio de Campos dos Goytacazes até aqui para tentar vender sua trilogia de literatura fantástica, que tem como personagem principal a heroína “Maya Fujita”. Conversando com ela, soube que suas inspirações eram os livros do Rick Riordan, autor de Percy Jackson, minha saga fantástica favorita. Ela me disse que os alagoanos estão sendo muito legais com ela. Comprei seu primeiro livro e lhe desejei boa sorte. Quando anoitecia, o MISA recebia uma projeção mapeada de livros e escritores, tudo isso naquela fachada. A Associação Comercial se iluminava de azul, rosa, roxo e amarelo.
As luzes se acendiam, o Jaraguá brilhava ainda mais. Mais gente chegava para ver. Famílias, amigos, casais, todos passeando e se divertindo. Acho que ninguém imaginava que ia ser tão bonito e divertido.
A bienal acaba, mas e o Jaraguá? Ele vai continuar ali. Vai continuar com sua arquitetura, com seus museus, casas de festas e praças. Os artistas? Vão continuar expondo suas artes. E o público? Deve lutar para continuar ocupando Jaraguá, com arte e cultura. O primeiro bairro de Maceió não pode cair no esquecimento.