O resultado da pesquisa Cultura nas Capitais sobre a preferência musical de 15% dos maceioenses pode estar atrelado à sólida história do gênero na cidade

Na capital alagoana ao que tudo indica, o reggae ganhou espaço nas antigas discotecas nos anos 70 e 80, ganhando força ainda maior na década de 90 com Ailton Silwa, Osvaldo Silva, a Banda Airê Vibration de Paulo Luna, Banda Mensageiros de Jah, Banda Alma Rasta e a Banda Vibrações, esta última tornara-se uma expoente no cenário nacional, e o surgimento, por exemplo, do Memorial Bob Marley no Benedito Bentes II, um espaço residencial e independente que visa honrar o legado do mais famoso nome do movimento reggae no mundo, através do entusiasta e radialista sr. José Maria ou apenas Brinco Star, proprietário do imóvel. Já nos anos 2000, demais bandas, DJs e artesãos foram despontando e ganhando protagonismo na cidade como guardiões de saberes, pois levam técnicas por territórios diversos, como praias, bailes, entre outros.

Falar de reggae também é falar de comunicação popular, como o programa Kaya na Real, canal da cultura periférica afro-reggae, no Youtube, liderado pelo comendador Mazzola e também o Resistência Podcast do DJ Serginho Rasta, na mesma plataforma, fortalecendo a memória do reggae com entrevistas com várias gerações da cultura reggae. Muitos dos DJs ocupam as periferias da cidade, com coletivos organizados com agendas de eventos no ano inteiro, tais como o Regueiros de Maceió do DJ Waliston e o grupo Musas do Reggae organizado pela DJ Moreta Roots.

Segunda Keka Rabelo, após a ascensão mencionada no início do texto do reggae na capital, também houveram algumas fraturas no consumo, como o advento do Brega Funk, e retomadas, como na reestruturação do MinC e seus editais emergenciais nos últimos anos. Ela recorda também que uma ocupação do prédio do IPHAN ALAGOAS, por três meses, pedindo a retomada do Ministério da Cultura, sob presidência de Michel Temer, fato que só veio ser concretizado após sete anos, sob atuação do presidente Lula, originou uma reunião dentro deste episódio, formando o GT do movimento reggae, no WhatsApp, em 2016.
Após a citada ocupação, houveram rodas de conversas e intercâmbio entre eventos de vários segmentos, até que Shirley Jaires e Helô Romeiro propuseram uma reorganização que derivou num núcleo técnico do movimento reggae e originou o Coletivo Cultura Reggae Alagoas em 2019, definindo estratégias visuais e outras frentes, com lives a partir de 2021, sobre variados temas de importância ao movimento, mapeamentos de bandas e o 1° encontrão em 2023 realizado no Sítio do Deraldo, no bairro de Jacarecica, um lugar histórico da cultura reggae nos anos 90 e 2000, que objetivou reunir o movimento com rodas de conversa e trocas de conhecimentos.
Enquanto que em Maceió comemora-se o Dia do Reggae a 06 de fevereiro, o estado alagoano celebra a data em 11 de maio, ambos através de decretos, entretanto o Governo de Alagoas, segundo Keka, nunca formulou ações e diálogos para o movimento reggae, até o presente momento, desfavorecendo cadeias produtivas presentes em outras cidades do estado. No ano passado, o Coletivo Cultura Reggae tornou-se um Ponto de Cultura – uma enorme conquista – pelo Ministério da Cultura. Mas, o objetivo é multiplicar o acesso do segmento à política nacional cultura viva.
Espera-se que espaços de cultura, coletivos, projetos e territórios relacionados ao reggae possam também adquirir essa certificação junto ao MinC e, assim, impulsionar o que já vem sendo feito pela massa regueira. As ações do Coletivo Cultura Reggae são estaduais e participam ativamente na Rede Nacional do reggae que acaba de propor um decreto que reconhece e protege a cultura reggae no Brasil e seus segmentos, a seguir exemplo da capoeira e do hip hop.

Fiquem ligados que a Revista Alagoana trará mais detalhes dos encontros até lá. Você também confere aqui a pesquisa completa que mencionamos no início do texto.

