208 anos: Emancipação, Quebra de Xangô e a memória histórica para evitar a barbárie

Por Madson Costa

 

A história oficial gosta de datas brilhantes. Escreve-se que Alagoas nasceu livre
de Pernambuco em 1817, fruto de uma emancipação política, gesto de autonomia, sinal
de progresso. Mas a história não se faz só de proclamações, brasões e hinos. Há camadas
mais profundas, silenciosas, sujas de sangue e medo, que sustentam as pedras sobre as
quais o Estado se ergueu.

A emancipação trouxe a promessa de um futuro próprio, mas não mudou o velho
pacto das oligarquias. Mudou a moldura, não o quadro. A elite branca, rural,
patrimonialista, apenas deslocou seu centro de poder — da sombra dos engenhos de
Pernambuco para o comando dos engenhos locais. O povo, que não foi chamado à mesa,
continuou sendo usado como peça.

Quase um século depois, em 1912, o mesmo solo emancipado assistiu a uma noite
de sangue e barbárie: a Quebra de Xangô. Não foi coincidência. O sistema que erguera o
novo Estado já conhecia a lógica de dominar corpos. Quando a crise política exigia um
bode expiatório, a cidade escolheu os corpos mais frágeis aos olhos do poder: os pretos,
suas mães de santo, seus templos, seus deuses.

A Maceió solar, das praias exuberantes, viu-se tomada por um vento frio de
barbárie. Os filhos da terra — sob a ordem das elites — invadiram terreiros, queimaram
altares, profanaram o que não compreendiam e mataram quem ousava rezar diferente. O
sangue negro correu onde hoje passam carros, ônibus e turistas. A Avenida Fernandes
Lima possui uma história escondida.

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