Emanuel: “A fotografia é meu refúgio e minha coragem”

Registrando a história das pessoas, ele criou a própria identidade e trajetória na fotografia

O ato de fotografar vai além da imagem estática. As fotos contam histórias não apenas de pessoas e objetos, mas também de quem está atrás da lente. É o fotógrafo quem observa e cria narrativas. Mesmo sem aparecer na foto, sua visão é traduzida através do olhar.

A Revista Alagoana entrevistou Emanuel Vieira, que aos 10 anos decidiu registrar momentos marcantes na vida das pessoas. Ele conta que esse ato de registrar se tornou, ao mesmo tempo, um refúgio e uma forma de coragem.

R.A: Quem é você, a pessoa por trás da lente? Como a fotografia entrou na sua vida e se tornou sua expressão e carreira?

Emanuel: Sou Emanuel Vieira. Venho de uma família guerreira, feita de histórias de luta, quedas e recomeços. Cresci entendendo que, mesmo diante da dor e das perdas, a vida continua. Eu precisava vencer, não para provar algo aos outros, mas para provar a mim mesmo que era capaz de transformar qualquer cicatriz em força.

No dia 28 de dezembro de 2014, aos 10 anos, fiz minha primeira fotografia. Tinha apenas um tablet nas mãos e um coração cheio de curiosidade. Era o casamento da minha irmã Ellen. Naquele instante, descobri que eu poderia eternizar a vida. Eu era uma criança transformando um clique em memória. E sem perceber, também estava começando a transformar o meu destino.

R.A: O que a fotografia representa na sua vida? Como molda sua percepção do mundo e das pessoas?

Emanuel: A fotografia é meu refúgio e minha coragem. Ela me ensinou que a beleza não está apenas no grandioso, mas também no detalhe mais simples. Cada foto é um lembrete de que nada se repete, de que cada instante tem um valor infinito. Fotografar me fez enxergar as pessoas e o mundo com sensibilidade, mas também com força. Eu não apenas registro imagens, eu registro vidas, sentimentos e histórias.

R.A: Quais temas ou histórias você prefere registrar?

Emanuel: Registro tanto pessoas quanto paisagens. Nos rostos encontro emoção crua: alegria, fragilidade, amor. Nas paisagens encontro a paz que me lembra de respirar, a poesia silenciosa da criação. O que busco é emoção e quero que cada pessoa veja minhas fotos e sinta o coração bater mais forte, como se estivesse dentro da cena.

R.A: Existe alguma fotografia que você considera um marco?

Avó de Emanuel Elielson Foto: Arquivo pessoal

Emanuel: Há uma imagem que mudou tudo. Em uma tarde qualquer, fotografei espontaneamente minha avó. Com um sorriso sincero, por trás daquela mulher guerreira existiam tantas dores e lutas e, mesmo assim, ela não deixou de sorrir para a vida. Não foi apenas uma foto bonita. Foi o instante em que entendi que a fotografia não era apenas um talento, mas o meu destino. Era como se o tempo me dissesse: ‘Esse é o seu caminho. Nunca desista.’ A partir dali, cada clique passou a carregar uma verdade: eu não estava apenas congelando momentos, estava construindo eternidades.

R.A: O que faz você perceber que uma cena merece ser registrada?

Emanuel: É quando sinto a alma de um instante. Pode ser um pôr do sol queimando o céu ou o brilho inesperado nos olhos de alguém. Não é a perfeição que me move, é a emoção. Quando sei que aquilo jamais voltará, meu coração me diz: “registre, eternize.”

R.A: Olhando para o futuro, quais são seus planos e objetivos?

Emanuel: Em 2023, realizei um sonho: depois de anos fotografando de casa em casa, construí meu próprio estúdio. Mais do que paredes, queria criar um lar de acolhimento. Um espaço onde cada pessoa pudesse se sentir segura para ser quem é, e sair dali com mais do que uma foto, mas sim, com um pedaço de eternidade.

O futuro? Quero voar mais alto. Quero projetos que contem histórias profundas, que minha arte alcance lugares que ainda não conheço. Mas, acima de tudo, quero que minhas fotografias continuem emocionando. Que façam sorrir, chorar, lembrar.

Porque minha trajetória é feita de lutas, mas também de vitórias. Eu comecei menino, com um tablet nas mãos. Hoje, sou fotógrafo por essência e por destino. E cada vez que alguém se emociona diante de uma imagem minha, eu tenho a certeza: transformei minha vida em arte e minha arte em vida.

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