Projeto Crôa produziu, ao longo de 2025, quatro episódios sobre as técnicas e saberes tradicionais em algumas cidades do Litoral Norte de Alagoas
Com o intuito de implementar ações de pesquisa e salvaguarda, valorizar e difundir o patrimônio cultural do Litoral Norte de Alagoas, através de depoimentos documentais das pessoas inseridas no território, o projeto Crôa encerra nesta segunda-feira, 29, seu quarto e último episódio, com foco na técnica ceramista aprendida na olaria dos Brennand, e trazida para a cidade de Barra de Santo Antônio. Falamos aqui na Revista Alagoana sobre o primeiro e segundo episódios, confira.
No episódio, Eduardo relembra sua trajetória de vida, seu processo criativo e explica as etapas de produção das peças (do início do preparo do barro até a finalização e transformação em cerâmica), conta sobre oficinas e transmissão de saberes de cerâmica dentro da comunidade Chié em Barra de Santo Antônio e também sobre as oficinas realizadas em Satuba. Além disso, fala sobre seu anseio em repassar seus saberes para que a arte da cerâmica se mantenha viva na comunidade.
Eduardo aprendeu e reuniu técnicas de Cerâmica Industrial e trabalha, atualmente, de forma independente com trabalho artesanal criando peças como esculturas, pratos de cerâmica, cobogós, quadros em cerâmica, entre outras.
Algumas de suas peças carregam influências de Brennand – seu mestre – mas a visão de mundo de Eduardo se sobressai, o que torna seu trabalho único e sua identidade exprimida em suas obras. Além disso, Eduardo também é pintor e a sua criação valoriza a cultura nordestina ao referenciar diversas figuras/personagens do cotidiano e da cultura popular.
O idealizador do projeto, Vinicíus Rudney, reflete “Como resultado curatorial desse mapeamento, foram entrevistadas 20 pessoas e 12 delas foram selecionadas para protagonizar os episódios da primeira temporada do Projeto Crôa. Os episódios audiovisuais permitiram aprofundar histórias de vida, trajetórias e saberes, transformando o projeto em um registro sensível e acessível das culturas locais”.
EPISÓDIO III: ENTRE DOIS PORTOS
Além disso, dias atrás foi disponibilizado o terceiro episódio que traz o depoimento de Mércia Santiago, coordenadora dos grupos de dança Pisa Negada e Belas Pastorinhas; depoimentos de alguns participantes do grupo que falam sobre sua experiência de contato e de continuidade com a dança. Além disso, traz a reflexão de Dona Lourdes, moradora de Porto da Rua, (ex-mestra de Baianas em um dos grupos já extintos no município) sobre as danças tradicionais locais e sobre a importância do ressurgimento do Coconde Roda para manter viva a cultura do município.
Também foi abordado O artesanato com talo de coqueiro e palha de ouricuri no litoral norte de Alagoas é uma expressão cultural ligada ao cotidiano das comunidades tradicionais e ao uso sustentável dos recursos naturais. Em municípios como Porto de Pedras, São Miguel dos Milagres, Passo de Camaragibe, Japaratinga e Maragogi, artesãs e
artesãos transformam materiais abundantes da paisagem local em cestos, bolsas, chapéus, esteiras, luminárias e objetos decorativos, por meio de técnicas de trançado transmitidas entre gerações. Essas peças carregam saberes ancestrais, identidade territorial e memória social, além de fortalecerem a economia local, especialmente com o crescimento do turismo na região. O artesanato, nesse contexto, representa não apenas uma fonte de renda, mas também uma prática de valorização cultural e de respeito ao meio ambiente. Laudinete Santos é uma das artesãs locais, residente no Povoado Palmeiras/Tatuamunha e mantém a salvaguarda da técnica e manejo de artesanatos com fibras naturais em Porto de Pedras.
O projeto é realizado com recursos da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), do Governo Federal, através do Ministério da Cultura (Minc), operacionalizado pelo Governo de Alagoas, por meio da Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa (Secult).
SOBRE O IDEALIZADOR

No segmento literário venceu prêmios pela Secretaria de Cultura de Estado de Alagoas, e ao explorar a multilinguagem cultural, foi contemplado com o Prêmio Expressões Culturais para Povos Tradicionais e o Prêmio Ladislau Netto em 2023. Vale destacar a gestão e execução do Projeto Crôa (2025) em Preservação e Difusão Cultural; e Oficina Literária Manguaba (2025). Além disso, mantém uma iniciativa sociocultural de salvaguarda através do Projeto Manguaba, que visa mapear, recuperar e difundir narrativas das comunidades do Litoral Norte de Alagoas, preservando a memória e identidade local através da Literatura.