Coluna de Jorge Vieira
Disse na coluna anterior, intitulada “A fotografia alagoana deixou de ser promessa”, que “a Fotografia produzida por aqui está cada vez mais impactante. Notadamente nos últimos anos a nossa fotografia tem conquistado projeção e respeito em âmbito nacional, e também fora do Brasil, consequência da qualidade autoral e da identidade artística e cultural de que ela se reveste.” Também registrei que “esse cenário digno de aplausos, todavia, é fruto de esforços individuais e de investimentos próprios.”
Quero acrescentar, agora, que o momento promissor da fotografia produzida em Alagoas também tem a contribuição de ações coletivas. Grupos como o Perambular Fotográfico e o Fragma, surgidos nos últimos anos, incentivam a prática e também o pensar da Fotografia, no que seus membros vêm participando de saídas e expedições fotográficas, workshops, cursos e oficinas. Esse movimento propiciou que em 2019 fosse realizada a primeira edição do FOTOSURURU – Encontro de fotografia criativa em Maceió (Agência Fragma), que além de inserir a cidade no roteiro dos grandes eventos do segmento no Brasil, oxigenou a fotografia feita por aqui e lhe deu visibilidade, aguçando o interesse de grandes nomes da fotografia brasileira para a produção local.
O resultado dessa maturidade em nossa fotografia é que a imagem de Alagoas vai muito além das cenas litorâneas, avança dos cartões postais e, sem que haja caracterização regional, reconhece-se e é reconhecida por sua força autoral, pelo desenvolvimento de linguagem criativa, com estreita afinação com a arte contemporânea. A praia da Fotografia Alagoana, hoje, ganha outros cenários.
Ainda que admiremos os belos coqueirais e o inigualável por do sol da Mundaú, transitamos, definitivamente, pela liberdade criativa da poética na imagem e expressamos nosso patrimônio cultural que se agita na formação de nossos Olhares, num universo imagético capaz de ocupar, com respeito, os ambientes mais diversos do mundo da Fotografia.
