Texto por Bertrand Morais
No último dia 23 de dezembro do ano passado, a Revista Alagoana chagou a marca de 2022 seguidores no Instagram. Pode parecer ainda pouco, mas significa muito para nós. É resultado de um jornalismo sério que ao mesmo tempo leve, independente e comprometido vem se esforçando em dar voz a todos os artistas de Alagoas.
Dois mil e vinte e dois também é a numeração do atual ano que iniciara, no qual esperamos dar continuidade ao nosso trabalho, ampliando nosso alcance para cumprir com nossa missão acima descrita. E foi nesse objetivo, que fomos em busca da seguidora que nos possibilitou esse marco, e ela topou falar um pouco mais sobre si mesma.
Arquiteta, bailarina e cenógrafa. Ela nos recebera em um apartamento, onde leva a assinatura dela no design de interiores do imóvel, na Ponta Verde. A matéria de capa do mês de janeiro é Walkyria Marques Luz, nossa seguidora (n° 2022 no ig) ‘do ano’.
Walkyria nos conta como chegou até a Revista, modo esse que, talvez, assemelhe como você também está aqui conosco: através do compartilhamento de conteúdos. No caso dela, mais precisamente, ela se deparou com a republicação da Academia de Dança Jeane Rocha, no instagram, com um post tendo o bailarino Pedro (com R$2,00, você ajuda-o a realizar seu intercâmbio na Suíça), capturado no palco pelo fotógrafo Adriano Arantos, como a fotografia que marcou seu ano de 2021.
Foi uma iniciativa da Revista Alagoana que objetivou reunir os melhores registros do ano passado de fotógrafas e fotógrafos, que passaram pelo nossa Segunda da Fotografia.
Isso foi o suficiente para levar Walkyria a seguir e acompanhar mais nossos conteúdos, uma vez que ela confessara que já havia visto a Revista numa outra oportunidade, mas só nesta última vez que se sentiu tocada o bastante. Trazer esse exemplo nos ajuda a entender o impacto que bons conteúdos podem causar e como tudo tem seu momento para acontecer.
Walkyria tem uma relação de muita amorosidade com o balé. Influenciada pelos pais a dançar desde muito nova, terminou se apaixonando pela arte, mas precisou se ausentar por quase 20 anos – período que compreendeu a dedicação à vida acadêmica e profissional como arquiteta – mas nunca a esqueceu até retornar para as aulas já na maturidade, em 2017.
Durante o hiato do balé, ela se desenvolveu na arquitetura, passando por um órgão público, onde ela diz ter aprendido muito, apesar das limitações para exercer processos criativos. Hoje como arquiteta independente, ela comenta sentir-se realizada com a profissão que escolhera, embora com certos desafios no caminho.
O local que ela escolhera para receber nossa equipe foi um amplo apartamento de clientes/parentes, em um bairro nobre da capital. Com muita satisfação ela diz que “cada pedacinho aqui foi bem planejado, no qual por conhecer afetivamente os donos do imóvel, pude captar certos gostos e necessidades para um melhor resultado final”.
Formada em arquitetura pela UFAL em 2003, após a graduação, passou seis meses trabalhando em uma grande loja de móveis até ser contratada como arquiteta do Tribunal de Justiça de Alagoas por cinco anos, mas sempre com o desejo de trabalhar por conta própria algum dia. Ela comenta que gosta da arquitetura que é funcional e a qual se aproxima da arte, mas desabafa não levar muito jeito com desenhos.
Com quase 20 anos no mercado alagoano, seu principal percalço tem sido a desvalorização à sua área. Partindo de um estigma muito comum de que arquitetos são para a elite e/ou fazem serviços “facilmente” executados por outras pessoas não especializadas, ela diz tentar sempre desmistificar isso, se esforçando em explicar a função da arquitetura para seus clientes. Infelizmente, vale ressaltar que é um drama muito semelhante ao qual nós jornalistas enfrentamos.
Outros desafios atuais são a baixa oferta de produtos da tendência, poucos fornecedores e o alto custo imobiliária muito atribuída à pandemia e a inflação em alta. Entre as atribuições que mais gosta é a de interiores com alguma liberdade criativa, como em decorações e pequenas reformas.
No retorno ao balé já na turma de adultos e separados por nível de habilidade com a dança, Walkyria vem passando por um momento de reencontro consigo mesma. “Minha amiga Clarisse me chamava muito para eu voltar ao balé” relembra e completa “com a admiração que eu tinha aos espetáculos da Jeane Rocha, que são únicos e cativantes, me senti pronta para me realizar novamente”.
Ao longo dos preparos físicos para a dança já como arquiteta, Walkyria não resistia, sempre que possível, em oferecer sugestões artísticas para a cenografia dos espetáculos, segundo ela de forma bem natural entre os envolvidos. Até que começou participar mais das reuniões de produção.
“Cenografia teatral é outro grande desafio. Até então, estive acostumada em trabalhar com decoração estática, apesar de funcional, com o design de interiores. De repente, passo a pensar numa decoração dinâmica, onde as estruturas se movimentam e dialogam com os bailarinos, sem ofuscá-los”, explica Walkyria.
Até que em 2019 foi o ano de pôr em prática duas grandes habilidades de Walkyria, quase que simultâneas: se responsabilizar por uma dança impecável nos palcos e contribuir na cenografia do espetáculo Místik, o qual ela nutre grande carinho por este. O espetáculo focou em explorar o universo feminino nas suas variadas nuances e energias, entretanto veio a pandemia, e todas as atividades do ano seguinte tiveram sido paralisadas.
Para 2022, Walkyria consegue enxergar um ano até mais desafiador, pegando carona com uma nova experiência lhe apresentada ainda no ano passado – não apenas executar, como também pensar na cenografia de espetáculos de Jeane Rocha – com todas as particularidades divergentes com o design de interiores já familiarizado a Walkyria. Ela conta que o fato d`ela também ser bailaria, acaba ajudando-a bastante, uma vez que ela consegue visualizar cenografias com a equipe responsável, que melhor se alinhem às coreografias.
“A cenografia e seus elementos começam a serem pensados e preparados meses antes, enquanto o conjunto de montagem e coreografias no palco começam uma semana antes do grande dia” descreve Walkyria e completa “é perrengue, mas tem sido uma aula muito prazerosa em observar e participar desse universo complexo”.
Nossa seguidora (2022) ou ‘do ano’, Walkyria, em um ano com tantos 2´s – com um total de três – o qual ela curiosamente tem no 2, seu número da sorte, certamente traz uma história de que a vida nunca cansa de nos surpreender e apresentar-nos novos desafios. Mesmo quando já encontrado nosso espaço em algo, sempre há possibilidade de ampliá-lo a novas descobertas. Que seja um ano esperançoso para Walkyria e a você que chegou até aqui na leitura!