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Antonio: “A ideia de ser alguém emocionado é um ponto focal nessa minha nova fase”

“Todo mundo é alguém emocionado porque todo mundo sente algo.” É assim que o cantor Antonio da Rosa fala sobre o fato de ser ‘alguém emocionado’, uma característica que ele carrega consigo, especialmente na sua nova fase da carreira. 

Até abril deste ano, o cantor tinha o nome artístico de ‘Yo Soy Toño’, uma adaptação estética ao apelido que seus amigos lhe chamam, que é Tonho. Ele queria estilizar um pouco, dando um ar latino. Chegou em Yo Soy Toño por acaso, tentando mudar o nome no perfil pessoal do Facebook. Para ele, não faria sentido colocar “Eu Sou Toño”, virando “Yo Soy Toño”, mas com a intenção de ser apenas Toño. Porém, o nome pegou, e para o artista foi interessante, porque parecia algo meio banda, meio projeto alternativo, que era o que ele queria ser na época.

Mas então, por que mudar?

“Senti que o nome Yo Soy Toño se esgotou. As pessoas tinham muita dificuldade de falar, entender se eu era um projeto solo, uma banda, se o som tocado era lambada, se era em espanhol. Ao mesmo tempo, minhas músicas lançadas eram bem indie rock, gravei um disco todo com três guitarras e meu som é bem mais MPB. Foi aí que entendi que precisava usar meu nome mesmo. Daí que veio Antonio da Rosa, que acredito ter mais a minha cara – algo meio cantor romântico brega brasileiro, com elegância.”, explica o cantor. 

A diferença, em  termo de animação e intensidade, também foi sentida por ele durante os shows. “Como Yo Soy Toño tinha algo forte, mas meio caposo, sad boy. Agora, estou bem mais emocionado, dançando no palco, o repertório está mais alegre, ousado. Ultimamente, tenho me debruçado sobre o cancioneiro romântico brasileiro, mas também hispânico e italiano, Elvis, Roberto, cantores e cantoras numa linha crooner. E brega, em toda sua vastidão. As referências musicais agora são algo mais brasileiro, latino e brega, avec elegance.”, diz. 

O primeiro show da nova fase da carreira aconteceu esse ano, em São Paulo. O cantor conta que foi muito bonito, especialmente porque estava nervoso. O show aconteceu numa sala pequena de uma galeria, com aproximadamente 30 pessoas, que não conheciam nada do seu repertório. Ele conta ainda que tocou sem nenhuma microfonação, se tornando muito cru e próximo, podendo também tocar apenas músicas novas, e ao final, tinha gente chorando, indo ao delírio e casais se abraçando o tempo todo.

Alguém emocionado

Em seu Instagram, o cantor fala que é “Alguém emocionado”. Perguntado sobre as novas músicas e o que o público poderia esperar delas, ele também cita que será algo feito por alguém emocionado. E isso é o ponto focal na nova fase da carreira de Antonio, que quer propor uma nova relação com esse termo, reconhecendo seu potencial, pois, no senso comum, ser emocionado é muitas vezes visto como algo pejorativo ou ruim, da pessoa que se emociona por ter sido muito envolvida ou entregue num romance, o que é visto como algo incômodo. 

“Acredito que vivemos uma crise de sentimentos e emoções. E por mais que tenhamos muitos meios, sinto a dificuldade de conseguirmos nos expressar. E uma das questões que leva a isso, a meu ver, é o distanciamento que temos tido de nossas emoções. De permitir ou ter tempo de senti-las. De deixar que elas cheguem a nós e que possamos processá-las. Todo mundo é alguém emocionado porque todo mundo sente algo. Algumas pessoas estão conseguindo liberar mais esses sentimentos. E realmente, esse movimento de deixar que eles venham facilita que nós podemos identificá-los, nomeá-los e equilibrar em nossa cabeça e corpo. Quando digo que meu projeto musical será feito por alguém emocionado é nesse sentido, o de alguém que se permitiu refletir, traduzir e dividir seus sentimentos”, explica.

Composições, shows e carreira

A relação de Antonio com a música começou aos 13 anos, quando ele começou a aprender violão e junto disso, começou a compor suas canções. Inclusive, sua primeira composição se  chama ‘Girassol’ e foi para uma garota do colégio que ele gostava na época. 

O artista cita que teve várias fases de composição e diferentes coisas lhe inspiraram nesses períodos. Mas normalmente, ele se agrada em fazer canções que traduzem sentimentos difíceis de explicar apenas falando. Ele cita que talvez, o que inspire seja tudo aquilo que não consiga expressar direito, ou seja, que lhe cause algum tipo de perturbação, estranhamento, reflexão.

As composições refletem também na hora do show. Ele revela que, ao subir no palco, sente que aumenta de tamanho, ficando imenso. “Toda vez que a plateia canta junto comigo minhas músicas é muito especial pra mim. Música é a única coisa que eu penso todo dia. Seja alguma coisa relacionada à minha música, seja uma composição, repertório, ideias pro show, arranjos, insights para carreira, estratégia de lançamento, pesquisas e assim vai. E também tem certo elemento de magia. Acho que a música acende em mim uma chama, um tesão. É a tal pulsão de vida. Quando digo que me sinto imenso no palco, é disso que estou falando, de algo sublime, de contato com alguma força especial. E também diria que tem medo e angústia, medo de me jogar totalmente nessa paixão e não ter dinheiro, estabilidade.”, relata.

Antonio reflete ainda sobre os desafios de ser um artista solo. “Você toma todas as suas decisões sozinho, o que parece ser mais simples à primeira vista. Mas quando se tem uma banda engajada junto com você para decidir sobre os passos futuros e motivar diante dos perrengues as coisas se tornam mais fáceis. Ter com quem dividir as conquistas é muito bom. Mas, ao mesmo tempo, sei que minha proposta estética é muito própria e precisa partir de mim. Eu assumo isso, mesmo que com muita angústia e sofrimento às vezes. E conto com muita gente pra construir comigo, como por exemplo todo mundo que tem participado da gravação das músicas novas, em especial Thiago e Nayane, meus produtores e donos da Maná Records.”. 

Ele cita ainda que, no começo da carreira, o cenário musical parecia mais divertido, porque tudo era novo. Hoje, lida com mais seriedade, porém sente falta do deslumbramento inicial. Ele sente que algo que mudou nacionalmente foi que ficou mais difícil para pequenos artistas rodarem e terem seu material ouvido, mesmo com as redes sociais e streamings musicais. Mas, o artista revela que gosta de ser otimista quanto ao que está sendo produzido.

Qual conselho você dá para quem quer começar a seguir a carreira musical?

“Se você acredita que música é o seu propósito, busque uma base que te ajude a se sustentar. Financeiramente, emocionalmente. Porque a música suga muita energia. E componha o máximo que puder. Quantidade é qualidade, em algum momento aquela música fantástica vai aparecer. E mostre pras pessoas aos poucos, monte um show pequeno, teste suas músicas ao vivo. E descubra sozinho também, eu estou no mesmo que você, no começo.”

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