Biblioteca viva: Resistência e renovação do livro em Alagoas

No Dia Mundial da Biblioteca, a Revista Alagoana celebra os espaços que mantêm a leitura pulsando em Alagoas

Num tempo de tecnologias velozes, telas onipresentes e fluxos digitais incessantes, as bibliotecas continuam sendo um farol. Em Alagoas, elas resistem, mas não apenas isso. Elas se reinventam. No Dia Mundial da Biblioteca, a Revista Alagoana mostra espaços que mantêm viva a paixão pelos livros, que transformam comunidades e que seguem como guardiãs da memória, do conhecimento e da cultura.

Portas abertas para a transformação

Muito além de estantes silenciosas, as bibliotecas alagoanas são hoje centros culturais, espaços multiuso e pontos de resistência social. A Biblioteca Pública Estadual Graciliano Ramos, no Centro de Maceió, é símbolo dessa transformação. Com acervo vasto e crescente digitalização, a biblioteca oferece não apenas livros, mas oficinas, exposições, rodas de conversa, saraus e acesso gratuito à internet.

“Ser bibliotecário hoje é ser mediador cultural”, diz Ana Paula Lima, coordenadora da Biblioteca Graciliano Ramos. “Nosso desafio é manter o livro vivo e acessível, e, ao mesmo tempo, incluir novos formatos e públicos”

Sertão leitor: Uma biblioteca quilombola em Santana do Ipanema

No Sertão de Alagoas, no Sítio Baixo do Tamanduá, no município de Santana do Ipanema, a comunidade quilombola inaugurou, ainda em 2024, a Biblioteca Comunitária José Tributino, espaço que passa a integrar o Sistema de Bibliotecas Públicas do Estado de Alagoas, vinculado à Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa (Secult).

A idealizadora do espaço, Maria Luciléia Silva Cesário, emocionou os presentes ao relembrar o processo de criação da biblioteca e homenagear o patrono José Tributino, figura simbólica para a comunidade.

“É um sonho antigo que se concretizou. Este é um espaço para preservar nossa história e formar futuros leitores”, afirmou.

A biblioteca já conta com um acervo inicial, incluindo doações feitas pelo escritor José Malta, e tem atraído crianças e jovens da comunidade. O espaço é celebrado como símbolo de resistência cultural e conquista coletiva.

Mira Dantas, coordenadora do Sistema Estadual de Bibliotecas, reforçou a importância do reconhecimento oficial:

“A entrada do espaço no sistema estadual fortalece a rede de leitura e garante acesso a capacitações e projetos que vão potencializar esse trabalho tão essencial.”

Bibliotecas multiuso e conectada

A reinvenção passa pela tecnologia. Bibliotecas escolares que investem em equipamentos e acervos atualizados têm impactos significativos no desempenho dos alunos, segundo educadores. Plataformas de acesso remoto a acervos, como a digitalização em andamento na Biblioteca Graciliano Ramos, ampliam o alcance da leitura, mesmo longe da prateleira.

Clubes de leitura, tanto online quanto presenciais, também ganham espaço, conectando leitores em torno de obras alagoanas, clássicos e novas vozes.

E as políticas públicas?

Alagoas possui programas e editais de fomento à leitura, mas ainda enfrenta desafios na implementação do Plano Estadual do Livro e da Leitura (PELL), que está em fase de articulação. Alguns municípios investem na revitalização de bibliotecas, especialmente no interior, com apoio de leis de incentivo e parcerias com a sociedade civil.

Projetos como o Biblioteca Viva, articulado por coletivos culturais e gestores locais, buscam ampliar o alcance da leitura onde ela mais faz falta.

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