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Compositor alagoano resiste em meio as adversidades do mundo artístico

Texto de Lícia Souto

Aonde vai dar o mar? Com Alagoas no coração e na música, compositor lançou-se em direção a imensidão de uma jornada artística imprevisível, bela e persistente. Um pouco como o mar. Seguindo o seu próprio compasso, levou os encantos dessa terra em suas letras para diversos lugares do Brasil.

A Revista Alagoana conversou com Alex Rios, compositor alagoano que se prepara para lançar seu segundo álbum.

– Quais são as suas raízes? Como você começou a desenvolver a sua música?

Alex – Eu lembro que lá na metade da década de 80 eu ouvia mais rock que MPB, ouvia de tudo, mas ouvia muito Carlos Moura, daqui de Maceió, Djavan, Junior Almeida com o disco ‘A Lua Não Pertence a Ninguém’, essas foram minhas principais influências regionais. Na parte internacional, ouvia muito The Smiths… essa é minha base musical. 

– Sobre o que falam as suas canções?

Alex – Falo muito do mar, coisa que sou muito apaixonado, como todo alagoano, nordestino; falo de amor, mas não necessariamente as músicas refletem coisas que eu vivi. Às vezes a inspiração vem de histórias que eu conheci, um tipo de amor que eu gostaria de ter vivido.

– Conta para a gente um pouco sobre ‘Aonde vai dar o mar’, o que inspirou o disco e essa música?

Alex – Esse disco eu fiz em dezembro de 2008 e só gravei em 2009. Fala sobre lembranças afetivas, de quando eu morava na Barra Nova. Eu ficava de madrugada na praia com o violão sozinho, e quando a maré baixa, fica aquela imensidão de areia e o mar lá longe… lembro-me dos coqueiros, daquela lua sobre o mar.

Eu puxei essas lembranças e vivências e compus essa canção antes de sair de Alagoas para tentar uma carreira em Minas Gerais, por isso fala ‘aonde vai dar o mar’; “aonde vai dar essa imensidão?” Eu me questionava enquanto admirava aquele céu estrelado, rodeado pelos coqueiros. Foi um disco que eu fiz totalmente voltado para homenagear Alagoas, inclusive uma das faixas do álbum foi regravada pela banda sergipana ‘Tô Nessa’.

– Por que você se mudou de Maceió?

Alex – Na verdade eu não me mudei totalmente, eu ficava entre lá (Minas Gerais) e cá. De fato eu fui tentar a carreira fora, havia me separado, então fui com meu filho mais velho. Fiquei nesse eixo Minas Gerais e São Paulo. Depois retornei para casa.

– De todos os lugares que você já passou, Minas, São Paulo… o que essas andanças trouxeram para a sua música?

Alex –  Maturidade. As experiências que a noite traz, bares, pessoas que você nunca viu te aplaudindo, passei por muitas casas, cidades, até em casamentos toquei, foi nessa época que morei durante um ano em São Paulo. Então essas andanças trazem maturidade, vivência. Não me considero cantor, sou compositor e músico, mas nessas experiências vi que meu lado cantor também agradou muito.

– Você considera que sua música amadureceu ao longos desses anos? Quais referencias você adicionou ao seu repertório?

Alex – Sim. Amadureceu demais. O primeiro disco foi uma coisa mais amadora, acústico, sem dinheiro, nunca tinha entrado em uma gravadora. Eu tinha 35 anos, hoje estou com 46… então considero que amadureceu bastante. Hoje eu prezo mais pela qualidade da música, tocar com músicos como Toni Guita e Dinho Zampier foi muito importante para minha carreira. Agora vou gravar um novo CD, inclusive a produção musical desse novo álbum é do Toni Guita. Quanto as referências que adicionei ao meu repertório, eu conheci um cara aqui em Maceió, em 2002, Mário Lúcio… também gosto muito do trabalho de Chico César, dessa galera que está chegando agora, eu curto muito Jeneci.

– E para o futuro… o que você espera?

Alex –  Eu tenho dois sonhos. Um dos meus sonhos era ser regravado, todo compositor quer isso, então eu fui regravado pela banda ‘Tô Nessa’, mas meu sonho mesmo é fazer meu DVD, gostaria muito de gravá-lo em Penedo (AL), sou apaixonado por essa cidade. Isso até volta um pouco para outra pergunta aqui, que foi por que fui embora… eu bati em muitas portas aqui em Maceió, fui em bares, shoppings e tudo estava se fechando para mim, tentei lá (em Penedo) e deu certo… entrei para o ABC das Alagoas.

O que eu espero é isso, gravar esse DVD em Penedo. Também não espero só ficar aqui, quero levar meu trabalho para fora e levar para a TV, mesmo morando aqui, quero estar sempre circulando, especialmente por São Paulo. Em breve meu disco ‘Aceno’ estará disponível nas plataformas digitais, que foi justamente o álbum produzido através da Lei Aldir Blanc, inclusive uma das faixas ‘Coração aberto’ já está no Youtube.

Na minha opinião, o mundo do compositor é totalmente antagônico ao do cantor. A gente ama o recluso, o isolamento, a reflexão, a contemplação, já o mundo do cantor pega mais em outros aspectos, cai um pouco na vaidade. Já passei por todas as etapas da vida de um compositor. Sou muito alagoano, meus trabalhos carregam muito daqui, saí como muitos artistas saem em busca de outras oportunidades, mas acredito que o mundo artístico é isso, afinal.

Gostaria de agradecer a vocês da Revista e dizer também que essa é a primeira entrevista que dou em meu estado.

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