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Conheça o brasileiro que tem o balé da inspiração no Brasil e no exterior

Texto de Bertrand Morais

Glauco Araújo nasceu no subúrbio do Rio de Janeiro e desde muito jovem foi apaixonado por tudo o que tivesse a ver com artes – teatro, dança e cinema – sendo influenciado pelo que via na TV e nos filmes. Quando menino, usava sua imaginação e criava cenários imaginários para ocupar e passar o tempo.

Ele lembra que sua mãe lhe contava que ainda muito pequeno, sempre que uma novela em particular começava, ele fingia estar nela e ia na frente da TV para dançar e representar como se estivesse no programa. Característica típica de alguém que já nasce com amor para exercer algo inerente a sua própria existência. Ao olhar para o céu, já sentia uma imensidão de tarefas à sua espera na quantidade das estrelas. Mas quando deu seus primeiros passos fora do seu lugar de origem, aprendeu que, de fato, existia um grande mundo lá fora, mesmo que esse tour, por enquanto, fosse na capital fluminense e pelas regiões Norte e Nordeste do próprio País.

O Brasil já não mais supria os desejos de Glauco e seu pacto consigo próprio: o de que estaria na TV de verdade um dia. Aos 23 anos o destino foi à região Nordeste novamente, mas de outro País, ou melhor, New York City in northeast of United States. Claro, durante essa linha do tempo que descrevemos, houve desafios e dificuldades como tudo na vida. Mas, bom mesmo, é focar no nosso coração e ver que de certos limões, fazem-se limonadas.

A Revista Alagoana entrevista Glauco Araújo, 28, que traz no currículo apresentações performáticas, teatrais, cinematográficas e comerciais de TV no Brasil e no exterior nesse Dia Internacional da Dança.

– Você relata que quando mais jovem, ainda morando em Niterói, costumava admirar o céu com sentimento de chegar longe a uma conquista, certo? Hoje, com residência no exterior e diversos trabalhos de peso no currículo, era realmente sobre isso inconscientemente ou não? Falta conquistar algo mais?

Glauco – Eu sou alguém que sempre foi apaixonado por me expressar artisticamente, e a música desempenhou um papel importante na condução dessa paixão e ardor. Eu sou intuitivo, garoto do interior de coração e sempre senti uma riqueza na diversidade – de ir além do óbvio e obtenível. E agora, morando na capital do mundo, a cidade de Nova York, estou aproveitando tudo e aproveitando todas as oportunidades como uma esponja. Eu sonhava quando menino e adolescente em fazer parte de uma vida cultural emocionante, e agora isso está acontecendo. É meu sonho tornado realidade. Quero continuar trabalhando, contando histórias, criar novos palcos. Eu quero que as pessoas acreditem em seus sonhos.

Entre os anos de 2009 e 2011, você esteve em apresentações pelas regiões Norte e Nordeste do Brasil (Manaus, Recife e Aracaju). De quais formas esses contatos com o público e os territórios desse pedaço do País contribuiu com sua carreira?

Essas foram minhas primeiras viagens fora do Rio de Janeiro. Havia muito a descobrir nessas outras regiões. Era como olhar para a diversidade. Foi emocionante estar fora da minha zona de conforto e ser exposto a outras formas de pensar e fazer. Em vez de todos me dizerem como as coisas iriam acontecer em minha vida, comecei a descobrir minha própria realidade. Em vez de seguir a ideia de outras pessoas de como minha vida deveria ser, ou que direção deveria tomar, comecei a confiar em meus próprios instintos e não ter medo de experimentar e tentar coisas novas. E isso me levou a pensar em viajar e ganhar a vida com a dança – foi incrível.

– O que simbolizou representar o Brasil na cerimônia de encerramento dos Jogos Paraolímpicos de Londres 2012? Te traz algum sentimento ao recordar o fato, especialmente, em ano de Jogos de Tóquio 2020 em meio a pandemia?

Glauco – Representar o Brasil na cerimônia de encerramento dos Jogos Paraolímpicos de Londres 2012 foi uma ocasião importante em minha vida. Pela primeira vez, pude viajar para outro país, conhecer atletas de todo o mundo e, o melhor de tudo, dançar na cerimônia de encerramento. Meus pais estavam muito orgulhosos de mim e eu me sentia muito orgulhoso de mim mesmo. Eu nunca poderia ter imaginado essa oportunidade e reconhecimento como um garoto crescendo. Mas trabalhei muito para chegar a esse momento. Não “simplesmente aconteceu”. Treinei muito e mantive o foco. E também me sentia tão apaixonado pelo que estava fazendo. Olhando para trás, foi um ponto de viragem para mim, pois me deu o impulso para alcançar as estrelas.

– Em 2017 quando você se mudou para os Estados Unidos, um dos seus primeiros trabalhos foi o Melodious Marco, um balé original por Sarah Najera inspirado em sua história de vida no Brasil. Mais recentemente, já em meio a pandemia do coronavírus, houve o curta Dance for freedom dirigido por Severine Reisp que também fala sobre você. Como é ver-se protagonizando sua própria história no exterior?

Glauco – Fiquei muito honrado por ambas as oportunidades e me ver desempenhando esses papéis me senti muito feliz. Já que esses personagens foram baseados em minha própria experiência, eu tive que reviver como era ter essas experiências e tornar a experiência muito presente e trazê-la à vida como se estivesse acontecendo comigo agora pela primeira vez. Você tem que acreditar em si mesmo, em sua capacidade de cavar fundo em si mesmo e confiar em seus próprios instintos como ator e dançarino. Meu tempo como dançarino é glorioso e maravilhoso. Ele continua me dando e me alimentando de maneiras importantes. E me permite ficar livre para interpretar qualquer personagem.

A história está diante de você e todo o resto se resolve – seja atuando em um filme, no palco, seja o que for, é tão emocionante.

– Como foi o processo de aprovação de Bolsa de Estudo que te possibilitou estar morando até os dias atuais em Nova Iorque? Como está sendo a sua vida com a pandemia por aí e como ela vêm te impactando?

Glauco – Não foi algo que planejei conscientemente. Eu sou um bailarino de dança moderna e Nova York é a casa da dança moderna. Quando vim para Nova York pela primeira vez, fiz o máximo de aulas que pude e depois fui convidado para um programa de verão em uma companhia de dança moderna em Chicago. Eu planejava voltar para Nova York depois do verão, mas eles me ofereceram trabalho. Aceitei o emprego e fiquei em Chicago por dois anos, mas fui atraído de volta para Nova York quando me ofereceram a possibilidade de uma bolsa de estudos na Alvin Ailey School. Foi o início de minha profunda conexão com Nova York. Moro aqui há quatro anos. E eu não me vejo em nenhum outro lugar do mundo. Eu amo essa cidade. Estou em casa aqui e estou seguro.

Tive o COVID-19 no final de março de 2020 e experimentei em primeira mão como esse vírus pode ser debilitante. Fiquei doente por cerca de duas semanas e tive um caso relativamente leve e agradeço a Deus por ter me recuperado. Mas isso afetou minha vida. Porque há pessoas que conheço e que amo que também tiveram o vírus e que não foram necessariamente tão afortunadas quanto eu. Profissionalmente, no ano passado em meio à pandemia, fui convidado para fazer parte de um dueto, que recebeu 5 prêmios em festivais de dança online. Eu trabalho, desde 2018 até os dias atuais, com a premiada dançarina/diretora alemã Severine Reisp. Nossos filmes foram reconhecidos em vários festivais internacionais de cinema: A Tango To Remember – Melhor Filme de Romance, Los Angeles Film Awards; Melhor Filme, Atman Film Festival; Prémio cinematográfico, Cyprus International Film Festival; Ruminate – Melhor Musical e Melhor Coreografia de Dança, Oniros Film Awards; Melhor Filme, Los Angeles Film Awards;

Dance for Freedom – vencedor do primeiro lugar do concurso de curtas-metragens da Fundação Dr. David Milch/CCNY; Outro filme, Lucid, escrito e dirigido por Juan Wang, recebeu o prêmio de Melhor Filme da Heibei Television Artists Association; Into the New World – Melhor experimental, New York Independent Cinema Awards; e também foi selecionado para o Venice Film Awards na Califórnia e o Berlin Shorts Awards na Alemanha.

Eu também pude fazer comerciais e Televisão. Mas, é claro, antes de cada trabalho, devo fazer o teste para o vírus e só trabalho em ambientes que respeitem as normas de saúde e segurança.

– O que significa ser dançarino e ator para ti? Deixe uma mensagem para motivar quem vem logo atrás de você e gostaria de trilhar caminhos parecidos.

Glauco – Nunca imaginei que atuar e dançar seria a pedra angular da minha carreira. O que me lembro com mais clareza é o sentimento de autoestima e o orgulho que experimentei quando percebi o quão valiosos meus instintos eram, como eu podia confiar neles e agir com proveito. Paixão e comprometimento com a minha arte são absolutamente críticos. Sempre fui apaixonado pela minha arte. E nunca me ressenti do tempo e da energia que isso exigia. Sempre me lembro que sou meu próprio patrão, trabalhando em meu próprio território. Esta é a fonte da minha força.

Minha paixão me sustenta, não importa o que eu queira fazer. Eu vim de um lugar onde tudo era muito difícil para mim no começo. Onde tudo às vezes parecia impossível. Mas com firmeza e força interior, tento me concentrar em encontrar significado e propósito no que quero fazer. E para quem está lendo esta entrevista: Você tem um sonho? O que te faz feliz? O que te faz sorrir? Aí está – suas respostas! Então faça!

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