Cultura e clima: Conheça alagoanos representantes na COP30, em Belém do Pará

Eles fazem representações em evento internacional na amazônia brasileira, que discute metas climáticas e o impacto nos modos de vida no Brasil e em todo o mundo

 

Após três anos sendo realizada em países de regimes ditatoriais e com dificuldade em avançar em metas ambiciosas na agenda climática, a maior conferência de cúpulas anuais de mundança no clima – a COP 30 -, pela primeira vez, é realizada no Brasil e fora do eixo Rio-São Paulo. Dentre as inúmeras delegações estrangeiras e caravanas brasileiras, Alagoas tem representantes em quantidade tímida, mas de vertentes importantes para participar de discussões em temas que são caros para a população alagoana, tais como: presevarção de biomas, reparação de crimes socioambientais e, claro, a relação de cultura e clima.

“É conflitante as conferências de clima, pois não conseguimos entrar nas salas de negociação, mas fazemos ativismos, mostramos a essas empresas [Braskem, Vale, etc] que estamos enxergando elas, e mesmo que a gente não consiga estar 100% dentro desses espaços, se a gente não estiver aqui, as coisas se tornam piores e com as mobilizações vamos nos fortalecendo e impactando, também, o nosso território”, desabafa Jaiane Bruna.

Jaiane Bruna, 23 anos, e André Monteiro, 19 anos, ela coordenadora e ele ativista ambiental/delegado da ONG Engajamundo, que desenvolveu uma estratégia desde o ano passado, na Conferência Climática de Juventudes da América Latina (RCOY) em Belém, reunindo mais de 300 jovens latino-americanos de 19 países em atividades de formação, articulação regional e ações de ativismo de alto impacto, um dos pilares fundamentais da estratégia para a edição deste ano, na COP 30. Eles integram representação de União dos Palmares, na zona da mata alagoana.

“Essa é a minha primeira COP, mas eu já participei da RCOY — a Conferência Regional de Clima das Juventudes da América Latina. Entrei nesse caminho do ativismo ambiental há mais ou menos três anos, por influência da Jaiane. Foi por causa dela que conheci o Engaja Mundo, num sarau literário que ela estava organizando em parceria com o Rebuliço, que é um projeto de permanência do Engaja”, destaca André e complementa entusiasmado “Essa COP é especial pra mim. A gente chama de “COP do Povo”, porque ela traz o povo pra dentro da conversa, dá voz à população. A Marcha pelo Clima finalmente volta às ruas. Isso é histórico, simbólico e muito importante pra todos nós”.

João Lemos, tem 31 anos, é jornalista e presidente da Federação das Organizações da Cultura Popular e do Artesanato Alagoano – FOCUARTE – e foi convidado pelo Ministério da Cultura, com exclusividade, para compor a delegação brasileira representante da cultura e do notório saber, com agenda para três debates: Guadiões da Floresta, Pontos de Cultura e Justiça Climática e Cultura e Adaptação Climática. Saiba mais aqui.

“Chegamos na COP30 trazendo a arte, a cultura, as coisas do nosso povo e dos nossos amados mestres e mestras. Nesses dias o Brasil vai discutir com o mundo a importância da preservação do meio ambiente, sobretudo, o cuidado com a casa. A FOCUARTE está presente e muito honrada de participar com mais de 190 países para tudo que se conecta com o meio ambiente”, disse João Lemos.

SOBRE A ONG ENGAJAMUNDO

A partir da experiência internacional, incluindo 11 COPs e análise do cenário atual a delegação do Engajamundo para a COP 30 conta com três agendas centrais de incidência: de Financiamento Climático, em parceria com a Aliança dos Povos pelo Clima, com a narrativa de justiça e a autonomia territorial e reparação histórica para povos originários e comunidades tradicionais; Adaptação, destacando a importância dos biomas e florestas tropicais, relacionando-se assim com a agenda anterior, a partir do mecanismo de TFFF; e, de Transição Energética Justa, destacando as contradições brasileiras, de justiça energética e do modelo de energia justa e sustentável. Tendo o combate à desinformação climática como tema transversal a todas estas frentes de incidência.

Tudo isso, estará presente em um documento em formato de denúncia e de posicionamentos sobre as NDCs brasileiras e os 10 anos do Acordo de Paris. O diferencial do Engajamundo acontece por meio da extensão territorial, com uma delegação composta por 34 jovens representando 15 estados brasileiros, conectando assim, a pauta internacional aos desafios e soluções locais do norte ao sul do brasil, abrangendo realidades dos biomas brasileiros, em especial o Cerrado, a Mata Atlântica, a Caatinga e a Amazônia. A partir de coalizões regionais, fortalecendo parcerias na América Latina com outras organizações de juventude. Ou seja, a preservação ou adaptação desses biomas garante a continuidade de práticas culturais existentes neles.

OUTROS ALAGOANOS NA COP30

Evelyn Gomes é idealizadora do Observatório Caso Braskem e diretora do LabHacker, e apresentará dados estruturados sobre o crime socioambiental da Braskem, em Maceió, para espaço oficial da ONU e diversos outros da sociedade civil durante o evento internacional. A ambientalista já participou de outras COPs. Saiba mais aqui.

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Cosme Rogério Ferreira é professor de Filosofia e Bioética no Instituto Federal de Alagoas – Ifal/Campus Batalha. Doutor em Letras e Linguística, mestre em Sociologia, especialista em História de Alagoas e graduado em Filosofia, atua em ensino, pesquisa e extensão em temáticas que interligam educação profissional, literatura, cultura regional e memória social. Está na COP30, como parte da delegação brasileira com acesso à Zona Azul, para cumprir uma missão de representar o Sertão alagoano, suas juventudes, suas comunidades tradicionais e toda a potência que brota de territórios historicamente invisibilizados. Traz cosigo a experiência do Ifal/Campus Batalha, onde constrói educação técnica com consciência crítica, compromisso socioambiental e diálogo com a sabedoria popular.

“Minha missão aqui é dupla. Primeiro, contribuir com os debates sobre justiça climática, ecologia integral e transição justa, apresentando experiências que nascem do semiárido – um laboratório vivo de resistência, ciência, tecnologias sociais e espiritualidades do cuidado. Segundo, fortalecer pontes: entre academia e comunidades, entre juventude e gestão pública, entre o Brasil real e os espaços globais de decisão climática” afima.

Além disso, está aproveitando a oportunidade para lançar, no evento internacional, o livro “Diálogos sobre o cuidado da casa comum”, e o E-Book “Caatinga Viva: Bioética, Ciência e Justiça Climática no Sertão Alagoano”. Este último foi escrito coletivamente por estudantes do 1.° Ano do Curso Técnico em Biotecnologia, como resultado da Mini COP realizado Campus Ifal/Batalha.

 

 

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