O cantor alagoano traz três músicas autorais e uma versão de uma delas em voz e piano
Por Carol Amorim
Há pouco mais de uma semana, o cantor alagoano Gabriel Tasco lançou o seu primeiro EP, intitulado “Ama como um novato”. Com três músicas autorais e uma versão voz e piano de uma delas, Gabriel canta sobre as descobertas causadas pela experiência em se relacionar amorosamente. E a esta coluna, ele revela detalhes e curiosidades sobre o processo de construção deste material.
Com influências como Skank, Cícero, Sandy e até mesmo da música gospel, Gabriel também buscou mesclar essas sonoridades com a sua vasta bagagem cultural, que possui herança familiar, vinda de uma casa com seis irmãos. A seguir, confira o bate-papo com o cantor:
Carol (Revista Alagoana): Por que “Ama como um novato”?
Gabriel Tasco: Comecei a me relacionar com 24 anos. Sinto que foi tarde se compararmos com a maioria das pessoas nessa idade. E ter chegado tarde nesse lugar, me trouxe muito verde para as dinâmicas dos relacionamentos. Quando olhei para as 4 músicas do EP, vi que elas vinham desse cenário, como quem chega numa escola nova e se encontra numa turma onde todo mundo já se conhece. As primeiras semanas são meio esquisitas, até você se inserir em algum grupo e entender como tudo funciona ali pra se proteger. O termo “novato” é bem associado a essa coisa de escola, né? Quis fazer essa ligação. A foto da capa do EP foi, inclusive, feita na entrada da escola onde estudei dos 7 ao 17 anos. Acredito que fechei um ciclo ali, foi bem simbólico. A ideia era que meu nome, unido ao título do EP, soasse como uma frase só: “Gabriel Tasco ama como um novato”. Essas canções são frutos desse momento.
Carol (Revista Alagoana): Como veio a ideia para o EP e para compor o conceito dele?
Gabriel Tasco: As músicas do EP nasceram entre 2021 e 2022, na minha pouca experiência com o violão e na vontade de compor mais músicas autorais. Lançar um EP fez mais sentido nesse momento porque eu acredito ainda estar traçando um caminho na música e um álbum seria algo muito definitivo. Quero testar mais coisas, mais influências, estilos de produção, mas o EP já dá um gosto e traz uma certa solidez. Tenho mais canções inacabadas, mas vi que essas 4 já cabiam num projeto como esse. Eu tinha descoberto o trabalho do Thiago Mata e da Nayane Ferreira, da banda Os Fugitivos, e vi que eles também eram produtores na Maná Records e quis produzir esse projeto com eles. Foi muito especial. Eles conduziram o processo de produção de forma muito generosa, aprendi muito no estúdio e formamos uma amizade muito bonita.
Carol (Revista Alagoana): Quais são as suas principais referências musicais e quais foram as suas referências para compor o EP?
Gabriel Tasco: Em termos de produção, esse EP tem influências de Skank, Cícero e até mesmo do trabalho solo da Sandy. A verdade é que eu ouço muita coisa. Cresci numa família grande, de sete filhos, então absorvi referências de todos os meus irmãos e acho isso ótimo, é uma herança cultural impagável. Mas acima de tudo, eu sou bem movido e atraído por melodias bem desenhadas. Hoje compreendo que o som que eu gosto de ouvir não é necessariamente o som que vou fazer, ou que vai fluir de mim com naturalidade e mais verdade. Tive um histórico longo de canto dentro da igreja evangélica e a música gospel contemporânea tanto no Brasil quanto lá fora é bem melancólica, melódica e emotiva. Consumi e cantei muito esse tipo de música e, apesar de não ser mais uma referência, essas características se refletem quase que inevitavelmente no que eu acabo compondo. Os próximos trabalhos provavelmente se distanciem mais disso.
Carol (Revista Alagoana) Há planos para o lançamento de videoclipes, de álbum e de shows? Pode nos contar os próximos passos?
Gabriel Tasco: O próximo passo é lançar mais um EP. Ele já tem nome e temática definidos, apesar das composições ainda não terem sido finalizadas. Mas antes disso, tem um remix de “Vai Ser Bonito”, que já está pronto e vai sair antes do São João. É uma surpresa! No geral, meu foco é aumentar o repertório autoral pra poder começar a tocar essas músicas ao vivo num setlist mais robusto. Tudo isso conciliando um trabalho convencional em paralelo, então as coisas nem sempre acontecem no tempo que eu queria. Mas vai chegar mais música, sim.
Carol (Revista Alagoana) Você vivenciou o que descreveu e cantou em suas músicas? Pode nos contar mais a respeito?
Gabriel Tasco: A única música do EP que é uma completa ficção é “Em Janeiro”. Ela nasceu primeiro com uma letra mais pessoal e subjetiva, mas depois fiz o exercício de criar uma narrativa fictícia em cima da mesma base no violão e a letra fluiu. Eu mandei a demo pra uma amiga e ela me respondeu toda emocionada, aí eu vi que fazia sentido, mesmo que não fosse uma história real, e que a música tinha cumprido seu papel. “Pelo Brasil” é uma carta de amor bem realista. Eu estava me relacionando à distância e chegou num ponto em que eu meio que sabia que aquilo não iria funcionar. É uma jura, ainda apaixonada, de quem prevê o fim com um misto de medo e aceitação. “Vai Ser Bonito” eu fiz bem apaixonado e ela fala desse lugar de encantamento, esperança, fé de que vai dar tudo certo porque, afinal, você está apaixonado e isso basta. Já a versão Voz e Piano dela, que encerra o EP, eu fiz quase um ano depois, quando vi que não era bem assim e que eu tinha outras coisas pra resolver antes de viver um grande amor pelo outro. O EP, apesar de curto, faz esse trajeto do encantamento e da idealização, passando pelos conflitos e chegando no recolhimento.
A estreia de Gabriel Tasco, “Ama como um novato”, conta com 15 minutos de duração e já está disponível nas principais plataformas de áudio.
Melhor de três plays:
Para dar continuidade ao tópico de indicações musicais, trouxe para este post mais três músicas para serem apreciadas.
- A primeira se trata da canção “Em Janeiro”, minha preferida do EP lançado pelo Gabriel. Apesar da ficção narrada, a história soa muito verdadeira e por isso, tocante. Vale a pena conferir.
- Minha segunda indicação vai para a música recém-lançada pelo cantor Júlio Secchin: “Sad baile”. A sonoridade e a letra são influenciadas por ritmos populares, a exemplo do funk e apesar do tom minimalista dado a música pelo cantor, a canção ainda soa muito divertida.
- E para finalizar esta série de indicações, não poderia deixar de mencionar uma das canções do “Cowboy Carter”, álbum recém-lançado por Beyoncé. Entre as 27 faixas, várias músicas se destacaram para mim, mas, por enquanto, gostaria de indicar a música “Daughter”. Eu não sei vocês, mas eu esperava por tudo, menos por uma ópera italiana em meio a um disco country. Ela novamente deu tudo de si.