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Exposição alagoana “amorARDOR” provoca a sensibilidade do público

Texto de Lícia Souto

Quando pensamos em sexualidade, imediatamente inúmeras coisas vem à mente. Ela divaga por questões carregadas de tabu, preconceitos, medo e, por vezes, vergonha. Mas nas telas de Geoneide Brandão deparamo-nos com tudo o que, ali, realmente compõe e permeia o universo da sexualidade: humanidade, liberdade, sensação, textura, calor. Nas pinturas da jovem artista, tudo é vivo, tudo salta aos olhos. O calor dos dedos que percorrem o outro na pintura despertam a memória viva na pele do observador.

A artista plástica alagoana Geondeide Brandão, 21, realizou sua primeira exposição que levou o nome de “amorARDOR”, na última sexta-feira (19), no aconchegante bistrô Bon Vin, localizado no bairro da Ponta Verde. O evento estava previsto para começar às 19h, mas devido a um atraso, começou um pouco mais tarde.

A noite foi embalada ao som das jovens  Marina Nimesio e Nichole Calheiros, que trouxeram um repertorio suave, repleto de clássicos da MPB. Conforme os amigos e convidados de Geo chegavam e observavam as obras, a expectativa pela chegada da artista só crescia. Expectativa para associar a dimensão daquelas obras preenchendo o ambiente, à um rosto.

foto: Anna Sales

O “amorARDOR” é um projeto que surgiu no início da quarentena, a partir de experimentações. Ela conta que se propôs a falar da sexualidade feminina – tema central da exposição – sob sua própria perspectiva, de uma mulher LGBTQIA+. A artista se dedicou a estudar as artes plásticas e praticar, e isso acabou se desenvolvendo naturalmente.

Quando falamos de referências, Geo cita que para compor sua bagagem artística, nomes como a pintora estadunidense Georgia O’keeffe e o fotógrafo Robert Mapplethorpe, muito conhecido pela sensibilidade para abordar temas controversos, como nu artístico na fotografia, ficaram marcados em sua memória.

As obras ficarão expostas no bistrô Bon Vin até abril, depois, a artista seguirá para Londres, onde irá expor na The Brick Lane Gallery. A expectativa para esse passo é grande. “Londres é um sonho. Eu quero levar esse trabalho para lá porque acredito muito no que ele tem a dizer. Eu tô fazendo o que eu gosto, é loucura e é muita felicidade ao mesmo tempo.”, define Geoneide. 

 

Quando perguntada sobre o que é amor para ela, a alagoana abre um sorriso largo, arqueia as sobrancelhas e desvia o olhar, até responder ainda sorrindo: “Difícil… Acho que amor é um sentimento que faz a gente querer viver. Não sei explicar além disso”.

Sobre o cenário cultural alagoano, Geo explica que acredita nesse cenário, que temos no estado muitas produções artísticas de qualidade, muita gente resistindo produzindo arte, mas que as vezes falta um olhar com respeito para isso, tanto por parte das pessoas, como por parte do Governo. Ainda assim, ela considera que um grande avanço nesse sentido foi a Lei Emergencial Aldir Blanc, que veio para abarcar a classe, mesmo com todos os problemas de atraso dos pagamentos e trâmites que envolvem esse projeto.

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