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“Fanzines alagoanos”: Os quadrinhos de José Ramiro, de Viçosa, levam o nordeste ao mundo dos super-heróis

Texto de Ylailla Moraes – Colaboradora | Revisão: Gabriely Castelo

Com papel e lápis nas mãos, José Ramiro, 54 anos, alagoano e natural de Viçosa, cria quadrinhos de forma independente desde a juventude. José fala de forma simples e apaixonada e relata que entrou em contato com essa forma de arte nos anos 80, já escrevendo algumas histórias.

Em entrevista, José explicou que fez uma longa pausa criativa, voltando apenas em 2016, por incentivo do seu filho, Samuel, que na época tinha 9 anos e se interessou no universo.

“A gente fez a história do Punho de Aço juntos; ele criou o personagem e isso o motivou a escrever mais histórias, pedindo para eu desenhar. Esse foi o meu retorno, a partir do Samuel”, explica e diz ainda o quanto era prazeroso poder estimular a criatividade do filho.

A história do herói criado pelos dois se desenvolveu, e hoje já conta com 6 edições. Segundo o artista, a 7ª edição do protagonista está em desenvolvimento. Ele descreve os desafios enfrentados no início do projeto e diz que foi difícil retornar por ter ficado muito tempo sem desenhar. No entanto, após um tempo de prática e muito trabalho, as dificuldades iniciais foram superadas.

“Desde então, estou trabalhando na medida do possível com os quadrinhos. O que me motivou, inicialmente, foi a acessibilidade e a diversidade de personagens que os quadrinhos oferecem”, completa.

Desde que voltou a produzir, José faz os quadrinhos em sua própria casa, com os materiais que tem à sua disposição, de forma completamente manual.

“Meu processo de criação é manual. Desenho no papel, com lápis e caneta, e faço a coloração com aquarela. As revistas são produzidas em casa, como ‘fanzines’”.

O artista também explicou que, com exceção de algumas impressões que foram feitas em gráficas, todo o restante do processo criativo é realizado com suas próprias mãos.

“Uso os programas de editoração para colocar balão, para melhorar as imagens, para montar a boneca da revista, porque a gente imprime as revistas em casa mesmo”, descreve.

O termo “Fanzine” citado por ele surge da redução do termo “fanatic magazine”, ou seja, revistas de fãs, em uma tradução mais livre. Ao redor do mundo, milhares de escritores,artistas e curiosos produzem estas obras focadas em seus nichos de interesse.

Com José, os “zines” trazem a cara do Nordeste, de Alagoas e da cultura que ele conhece desde menino.

“Porque os personagens nascem nisso, daquilo que a gente viu, daquilo que a gente leu, daquele filme que a gente assistiu, ou então de um outro personagem real”, conta.

Seu outro personagem, o Inaiê, resgata a história da ocupação do território nordestino pelo povo Holandês. Com muita paciência e cuidado, José põe em suas obras seu olhar detalhista e sua paixão pela pesquisa e história alagoana. Ele dá vida a esses personagens em cenários que refletem a nossa cultura ou levam o leitor até fantasias com robôs, aliens e outros seres fantásticos.

Sobre a divulgação do trabalho, ele conta com muitas dificuldades, pois a mesma é feita apenas pelo seu perfil do Instagram (@joseramiromauricio). Lá ele posta seus quadrinhos prontos e também divulga sua participação em eventos culturais que abrem espaço para suas obras.

“A gente tem que correr atrás da divulgação”, diz José e conta que o trabalho é movido por amor: “não para ganhar dinheiro, mas porque eu gosto”.

Por fim, José diz que “o quadrinho nacional está vivo” e ressalta que Alagoas tem seus expoentes na área, mesmo que não haja tanta visibilidade.

“Têm surgido alguns quadrinistas alagoanos, que aos trancos e barrancos estão fazendo o seu trabalho, mesmo que muitas pessoas não vejam, mas a gente está aqui fazendo”, finaliza.

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