Glamour, cultualidade e emoção: palavras que destacam a segunda edição do Lip Sync Battle

A Revista Alagoana presenciou uma atmosfera celebrativa da cultura drag e queer

 

Texto de Lu Melo supervisionado por Bertrand Morais

O evento que celebra a arte drag e a cultura queer alagoana, na última sexta-feira, 01, contou com onze participantes disputando a coroa e a um prêmio de R$ 1.000. A noite foi recheada de surpresas e homenagens para pessoas que construíram o cenário drag em Alagoas.

 

A Revista Alagoana esteve no evento e conversou com a apresentadora e organizadora do evento, Gigi Banks, que menciona as diferenças da primeira para a segunda edição do Lip Sync Battle, desde do aumento da locação, participantes legados e na premiação em dinheiro.

 

“A primeira edição foi uma versão bem reduzida, foi feita com muita força de vontade, apenas com o meu salário para bancar tudo. Inicialmente, o prêmio foi de 150 reais. Então fazer essa segunda edição em um espaço tão grande como o Theatro Homerinho, com um prêmio maior e podendo retribuir as meninas que me apoiaram desde o início, as colocando novamente no júri, é extremamente feliz para mim”, destaca.

 

Emoção e glamour

 

Fotos: Hugo Macário

Em grandes perfomances, Leviathan, Donatella e Fagner Henrique fizeram parte do corpo de júri da festividade, suas notas decidiram batalhas de Lip Sync durante as rodadas eliminatórias, semi-final e a grande final. Donatella, jurada especialista em looks, fala sobre a importância do Lip Sync Battle para arte e cultura de pessoas da comunidade LGBTQIAPN+ que ainda continuam lutando contra o preconceito da sociedade.

 

“Eu me sinto muito honrada em estar representando a categoria de looks, porque é o que eu vivo e eu amo moda, sobrevivo dela [moda], então estar neste lugar é muito importante pra mim. Estar em um momento de tanta mudança e visibilidade para comunidade LGBTQIAPN+ é muito importante; principalmente vendo todas as meninas em um palco, entregando sua arte e dando seu melhor. Toda essa visibilidade é muito importante pra gente, porque a gente continua morrendo, sofrendo e sendo botados para fora de casa sem nenhum tipo de apoio. Então isso daqui, para além de um evento, é uma família”, disse.

 

A noite apenas estavam começando, e com ela, várias homenagens foram prestadas para drags e artistas que são referências da cena queer local. Nomes como Rebeca Big Mac, Maju Shanii e Dj Gil subiram ao palco para receber placas que celebravam as suas a coragens e forças no mercado da música, moda e cultura do estado.

 

“Lutem, e não façam besteira”

 

As competidoras perfomaram músicas solos para que o público conhecessem cada artista; estilo, dança, postura e presença de palco foram essenciais para que o júri escolhesse a participante que iria direto para a final da competição. Em destaque, Aurora Bloom e Chloe esbanjaram carisma e entregaram os momentos mais eufóricos do evento.

 

Fotos: Lu Melo

 

Aurora perfomou Angel of My Dreams, da cantora britânica Jade. Em meio a um manto que cobria seu look angelical, a drag decidiu mostrar sua versatilidade em cima do palco. A música proporcionava teatrilidade, emoção e dança, sendo decisiva para sua vitória na vaga da final do Lip Sync Battle.

 

Por sua vez, Chloe, vestida de noiva, mostrou brasilidade, onde o drama e suas expressões faciais a emplacaram como uma das melhores perfomances da noite.

 

Fotos: Lu Melo

Logo após o resultado da vaga para a grande final, iniciou-se as batalhas de Lip Sync, em que durante diversas rodadas, uma participante escolhia uma concorrente para duelarem na sincronização de lábios em uma música, a competidora escolhida tinha o direito de decidir qual faixa elas batalhariam. A competição foi acirrada, mas Tiana levou a melhor e duelou contra Aurora Bloom na grande final do evento.

 

Em uma decisão díficil dos jurados, Aurora Bloom se consolidou como a campeã da segunda edição do evento. Em entrevista à Revista Alagoana, a drag nos contou sobre a sensação de vencer e o crescimento dos projetos que cultuam a arte drag em Alagoas.

 

“Nossa, é uma sensação de trabalho entregue, sabe? Logo agora que nós estamos ganhando muita visibilidade através do projeto. É uma sensação maravilhosa saber que a gente tem um espaço para gente cultivar muito mais a arte drag e ter o apoio desses projetos. Eu quero que tenha muito mais, inclusive, que aconteça mais edições durante o ano”, fala. 

 

Fotos: Divulgação

 

Encerrando a noite emocionante, Gigi Banks fala sobre o apoio de políticas públicas para realização do evento e outras ações culturais. A expectativa é que haja uma terceira edição em 2026.

 

“Ver que o projeto é patrocinado pela PNAB (Política Nacional do Aldir Blanc) é realizador; é o que eu peço sempre, que as políticas públicas sigam abrindo espaços para a gente, porque o que move é o dinheiro e ter esse apoio vindo do governo é essencial. Eu tô muito feliz e saio daqui muito feliz e pensando na terceira edição”, afirma. 

 

Do Jaraguá até a parte alta, eventos como Lip Sync Battle ressaltam a necessidade de visibilidade para artistas da comunidade LGBTQIAPN+ em festividades da cidade. O esgotamento de ingressos e a procura de assentos na porta do teatro ressaltam a vontade do público alagoano em consumir a arte drag, a cultura queer e, essencialmente, transmitir o amor, respeito e força na luta contra a homofobia e transfobia.

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