Acordo e já estou cansado, mas ainda é manhã;
No corpo sinto um enfado, agarro-me ao meu divã,
Quando ouço na casa ao lado, uma espécie de dobrado,
Ou um solo de pistão.
A agenda da minha rotina: a labuta no estandarte,
No quarto afasto a cortina, ainda em meu baluarte,
Ao som de uma sinfonia fina, que me acalma e anima,
É o som da primeira arte.
Agora estou no trabalho, em meio a todo “frisson”,
Com papéis eu me embaralho, mas preciso manter o “boom”,
Por um momento distraio-me, suspiro, relaxo e me acalmo,
Lembro o solo de pistão.
A tarde já está na cara, e a noite ameaça chegar,
o trabalho me exaustara, e o corpo começa a penar,
À Noite em minha seara, ouço o “Tema de Lara”,
A alma chega a flutuar.
E o solo insiste em tocar, anestesiando quem o ouve,
Desperta-me o desejo de amar, e uma saudade me aprouve,
Com o peito a palpitar, danço uma ópera à Mozart,
E uma sinfonia à Beethoven.
Com a música torpedeado, repousei num sono bom,
Porém, acordei assustado e busquei as marcas do batom;
Sonhei estar enamorado, num longo beijo embalado,
Ao som de um solo de pistão.*
*Este poema foi publicado no Jornal Vidas Brasil, na cidade de Houston, Texas, EUA, em
2019
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