Coluna de João Vitor da Costa
Sentado em uma cadeira de biblioteca, eu começo a ter flashbacks e relembrar alguns momentos especiais que eu tive com a música. Uma espécie de memória afetiva é despertada. Percebo que já faz mais de dez anos desde que conheci algumas das minhas bandas favoritas.
Antes disso, em meados de 2008, através de um comercial de CD descobri a banda Queen e muitos dos seus hits mais famosos.
E graças à internet também, especialmente com o Orkut e o software LimeWire (uma espécie de mix entre PirateBay e Spotify daquela época), eu conheci mais a fundo praticamente todas as bandas clássicas e artistas. Do rock e pop principalmente.
Os Beatles, Pink Floyd, Kiss, Guns N’ Roses, Elvis Presley, Michael Jackson e etc..
Nasci em 98´ e é curioso perceber como eu cresci em uma época de grandes transformações tecnológicas e culturais.
Neste lugar especial no tempo, ainda consegui testemunhar os últimos suspiros da fita VHS, do DVD e do CD. Os últimos anos, o fim da MTV Brasil e do canal de música e entretenimento, Vh1 Brasil. Onde passavam vários clipes de bandas de todos os cantos do mundo, de vários ritmos e gêneros musicais diferentes.
Hoje em dia isso também não se vê muito e já estamos longe do seu auge.
A era das revistas em papel e seu declínio, o fim trágico e praticamente repentino das locadoras, enfim, o saudosimo.. .
Entretanto, até hoje eu sinto que não percebemos como as plataformas de streaming chegaram até nós e mudou o nosso jeito de consumir e ouvir música.
Parece que o mercado foi tomado de assalto, num movimento só, rápido e furtivo.
Em um dia eu estava baixando álbuns na web ou ouvindo um som no meu mp3, e num piscar de olhos tudo isso se tornou fora de moda.
Obsoleto.
Mesmo assim a vida segue e as mudanças são inevitáveis. Trazendo com elas seus prós e contras. Voltando no tempo, em especial no ano de 2011, lembro que tive um grande impacto. E digamos que fui musicalmente transformado pela primeira vez.
Porque através da edição do Rock in Rio, pude conhecer bandas como Metallica e Slipknot (assistindo do sofá).
E desde então fazem parte da trilha sonora da minha vida.
O primeiro grupo (um dos meus preferidos), virou automaticamente meu alvo de fanatismo juvenil, um pouco obsessivo. Como assistir o DVD completo infinitas vezes e fazer parte de fã-clubes virtuais. O segundo ocupou um espaço especial de libertação e catarse muito intensa. Uma forma de escape. Até os dias de hoje, mas de forma diferente.
Ali eu comecei a criar um vínculo muito forte com a música, a me relacionar e comunicar de fato com ela. Como se as letras e os pesos dos sons, por si sós servissem como intérpretes, alto-falantes e escapes das minhas emoções.
De uma mente e corpo pré-adolescente, confuso, reprimido, oprimido.
A música ali representava e ecoava a minha voz, colocava em palavras o que eu não sabia ou não podia pôr, falar. O que eu sentia por dentro e queria soltar para o mundo.
E isso permanece, a música é uma companheira para todas as horas. A amiga que conversa comigo em qualquer momento, me conforta nos tempos de dor e também me alegra nas minhas conquistas.