Segunda edição do Clube do Vinil celebra dentro da Ufal a cultura analógica

Evento contou com a experiência sensorial com os vinis e discotecagem comentada com DJs que agitam Maceió

 

Foto de Handerson Vieira

O projeto de extensão Clube do Vinil realizou sua segunda edição na última quarta-feira (8) no pátio do Centro de Interesse Comunitário (CIC), da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em Maceió. Com o tema “Discotecagem Comentada”, o encontro promoveu uma experiência cultural que uniu comunicação, música e educação.

Cada apresentação foi acompanhada de comentários que contextualizavam os álbuns, artistas e estilos tocados, transformando o momento em uma verdadeira aula aberta sobre música e cultura. Além, claro, da possibilidade de adquirir discos icônicos que marcaram gerações. 

Uma das atrações da noite foi o DJ Goodson, curador e pesquisador musical, que compartilhou com o público suas experiências e percepções sobre o universo do vinil. Para ele, participar do evento foi uma oportunidade de revisitar memórias e dividir o amor pela música com novas gerações.

“Eu achei bem interessante essa oportunidade de falar aqui sobre o meu trabalho como DJ, especificamente, trabalhando com discos de vinil. E é muito legal dividir com outras pessoas que são apaixonadas por vinil. Estou bem satisfeito em saber que o meu trabalho toca as pessoas”, afirmou Goodson.

Ao comentar sobre a escolha do repertório, o DJ destacou a importância de valorizar as raízes musicais brasileiras e os diálogos entre culturas.

“Eu pensei naquilo que eu enxergo de mais legal, que é essa diáspora da música afro-brasileira, os alicerces da música popular brasileira dialogando com a contemporaneidade. No meu set tem Dorival Caymmi, as Baianas do Pontal, a Capoeira… Essa mistura que reflete o Brasil plural que a gente vive e que me inspira tanto”, completou.

Foto de Handerson Vieira

Além de Goodson, o evento contou com a participação dos DJs Obama e Deby Muniz, que também compartilharam saberes sobre os discos e a prática da discotecagem. Entre uma faixa e outra, explicaram aspectos técnicos, falaram sobre o cuidado com os equipamentos e a importância da curadoria musical.

“O Clube do Vinil nasceu de várias experiências que eu já tinha tido com o vinil em outros lugares do país. Foram vivências muito positivas, e eu pensei: ‘por que não trazer isso para a universidade como um projeto de extensão?’”, explicou a professora Laís Falcão, uma das coordenadoras e idealizadoras da iniciativa. “Conversei com o professor Victor Pires, reunimos um grupo de estudantes e começamos a construir algo que valorizasse a cultura do vinil dentro da Ufal, como espaço de troca e aprendizado coletivo.”

Durante o evento, Laís também destacou o caráter formativo e social da proposta.

“Essa é a segunda edição e fico muito contente em ver tanta gente mobilizada, conhecendo o vinil e participando desse processo. É um projeto feito de forma coletiva, voluntária, dentro de uma instituição pública e só isso já mostra a potência da extensão universitária em promover encontros, rupturas e trocas de conhecimento com a comunidade”, ressaltou.

Além da discotecagem comentada, o evento também reuniu bancas de vinis e livros, entre elas a Solar Discos e o Herói dos Livros, que atraíram colecionadores, curiosos e novos apreciadores da música analógica.

Entre os expositores, esteve pela segunda vez, Jailson Alvim, proprietário do tradicional sebo Solar Discos. Rodeado por vinis de diferentes estilos e décadas, ele ressaltou a importância de manter viva essa forma de expressão cultural dentro da universidade.

“É importante as pessoas vivenciarem esse momento, porque a gente está numa resistência já há algum tempo. A Solar Discos vai fazer 16 anos agora em novembro, e não é só sobre vender discos, é uma resistência cultural. É sobre dialogar com as pessoas, mostrar como funciona um vinil, ensinar o cuidado, a escuta, o processo todo”, contou.

Para Jailson, o retorno dos jovens ao universo analógico tem sido um dos aspectos mais gratificantes dessa trajetória.

“Para muita gente, o disco de vinil é uma novidade. O formato parou de ser fabricado por um tempo e agora voltou, mas de outra maneira, mais afetiva. A maioria da minha clientela hoje é jovem. Muitos ainda nem têm vitrola, mas compram o vinil como um primeiro passo, um incentivo para se conectarem com essa forma de ouvir música”, concluiu.

Discos e livros também foram sorteados entre os participantes, tornando o clima ainda mais descontraído e participativo. Com entrada gratuita, o Clube do Vinil se consolida, mais uma vez, como uma iniciativa de valorização da música e da escuta coletiva. 

SOBRE O EVENTO

O projeto integrou o Circularte, ação da Pró-reitoria de Extensão e Cultura (Proexc), por meio da Coordenadoria de Assuntos Culturais (CAC), que busca ocupar os espaços da universidade com arte, lazer e aprendizado.

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