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Alagoas em Bordados; conheça o trabalho da artesã Marta Moura

Texto de Lícia Souto

Artesã. Históricamente, a palavra foi escolhida para representar os individuos que praticam arte ou oficio que dependem de trabalhos manuais. São aqueles que com as próprias mãos produzem peças artisticas únicas, que nenhuma máquina ou industria seria capaz de replicar. Aos artesãos e artesãs ficou dedicado o dia 19 de março para lembrá-los; data essa que foi escolhida em homenagem a São José, já que o mesmo era marceneiro, e com a data tornou-se padroeiro da categoria.

Aqui em Alagoas conhecemos bem o termo. O artesano é presente nos quatro cantos da terras alagoanas, produzido por homens e mulheres que eternizam à mão a história do estado. O saber passado das gerações mais velhas chegam às mãos dos mais novos, e assim acompanhamos o surgimento de empreendimentos que reforçam a identidade cultural local.

Conversamos com Marta Moura, jornalista, empreendedora e artesã alagoana. Criadora do Alagoas em Bordados, a jovem registra histórias através das linhas, em bordados caprichados.

– Para você, o que significa ser artesã?

Marta – Ser artesã hoje era algo impensável pra mim,  posso dizer que sou multipotencial, sei fazer várias coisas. E é um orgulho e de uma sensibilidade enorme ser chamada de artesã. Não se trata de título ou profissão, vai muito além. O trabalho manual, o saber e fazer, a tradição, a valorização da arte é o que forma também um artesão. Todos nós somos, todos nós construímos através da nossa criatividade.

– Como você começou a se envolver e produzir artesanato (bordado)?

Marta – Em 2019 eu estava procurando alguma atividade artesanal que pudesse desenvolver como hobby ou profissionalmente, foi quando veio a ideia de pesquisar sobre o bordado livre. Eu sempre fui apaixonada pelos bordados e rendas de Alagoas, e tinha curiosidade de saber sobre um pouco de cada. Comprei materiais e comecei a bordar assistindo aulas sobre a técnica no YouTube, quando percebi que havia uma habilidade para o trabalho. Quando eu era criança, gostava de costurar a mão as roupas das minhas bonecas, minhas avós tinham máquinas de costura, então fui criada nesse cenário que ajudou no meu interesse com o bordado.

– Quais são as suas referências e inspirações?

Marta – Minhas referências para bordar saem daqui, da minha terra. Tanto que o nome Alagoas em bordado significa isso. Trabalhar com linhas e agulha materializando momentos e lugares daqui de Alagoas, das pessoas que pedem para bordar suas histórias, tudo isso é minha referência.

– Como funciona o seu processo criativo e de produção?

Marta – O processo criativo inicia com o esboço do desenho que irá ser passado para o tecido. Esse é um processo as vezes demorado, mas primordial. Depois que transfere para o tecido, começa a chuva de cores com as linhas, e as vezes, longas horas de trabalho. Já cheguei a pegar 12h de trabalho apenas com pausas para alimentações. Não é tão fácil não!

– Algum trabalho especifico que ficou marcado em sua memória?

Marta – Um trabalho específico que marcou foi meu primeiro bordado, que eu comecei e não queria parar até ver ele pronto. É meu xodó até hoje, dá pra ver a precisão que eu tive, mas pequenos erros também.

– A pandemia afetou de alguma maneira (positiva ou negativa) a sua produção?

Marta – Produzi mais desde que a pandemia começou, tive muita mudança na minha vida que influenciou eu continuar produzindo mais. Era complicado para entregar as encomendas, mas foram os meses que mais trabalhei e vi todo potencial do bordado.

– Você pretende expandir o Alagoas em Bordado?

Marta – Pretendo sim expandir o Alagoas em Bordado, com a criação de um grupo de bordado livre. Quando escolhi essa marca, já foi pensado para tal finalidade. Porque é o início de um sonho antigo meu, do meu amor pela arte. E esse é só o comecinho.

– Empreender não é fácil, requer muita dedicação e paciência. Qual conselho você daria para os nossos novos empreendedores, especialmente do meio artesanal?

Marta –  O conselho que dou aos novos empreendedores e artesãos que estão surgindo é que há espaço para todos, há público, há satisfação de trabalhar com a criatividade. Vivemos a era do conhecimento, a economia que se baseia na criatividade. É a nossa vez de se libertar, de criar, de mostrar nossa essência através da arte. Temos tudo pra isso.

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