Cinema de Alagoas brilha em Cannes: participação recorde e novos talentos

Nesta quinta-feira (19), no Dia do Cinema Brasileiro, celebramos uma das maiores conquistas do audiovisual do nosso país, com destaque especial para o cinema de Alagoas. Na 78ª edição do Festival de Cannes, o estado alcançou um marco histórico, consolidando-se como um dos maiores expoentes do audiovisual brasileiro. Pela primeira vez, Alagoas teve uma participação massiva no festival, com profissionais alagoanos marcando presença em diversas frentes, da competição principal às mostras paralelas e programas de desenvolvimento de projetos. O evento, um dos mais prestigiados do mundo, não só evidenciou o amadurecimento do audiovisual local, mas também foi uma vitrine de novos talentos.

Laís Araújo e o longa-metragem alagoano “Infantaria”

O projeto de longa-metragem alagoano “Infantaria”, da Aguda Cinema, foi selecionado para o programa La Fabrique Cinéma do Festival de Cannes. Isso significa que o filme e seus realizadores, Laís Santos Araújo (roteiro e direção) e Pedro Krull (produção).

“Infantaria” foi um dos dez projetos selecionados em todo o mundo pelo La Fabrique Cinéma em 2025. O programa tem como objetivo apoiar projetos de países em desenvolvimento, oferecendo visibilidade e oportunidades de networking no Festival de Cannes. O filme aborda questões sociais profundas, trazendo uma perspectiva única sobre a vida e as lutas de sua comunidade, além de ser um marco importante para o cinema nacional.

Stella Carneiro e o sucesso de “A Vaqueira Dançarina e o Porco”

A cineasta alagoana Stella Carneiro foi um dos principais destaques da edição, com seu curta-metragem A Vaqueira Dançarina e o Porco, codirigido com o português Ary Zara, sendo exibido na Quinzena dos Realizadores, uma das mostras mais disputadas do festival. Além disso, Stella apresentou o projeto de seu aguardado longa-metragem Filhas do Mangue, um drama com elementos de comédia, inspirado em suas próprias memórias familiares vividas na comunidade ribeirinha da Massagueira, em Maceió. O filme narra a história de um pai e suas quatro filhas, ambientada em uma comunidade negra e tradicionalmente ligada ao mangue.

Em sua participação no festival, Stella destacou a importância de sua presença. “Foi muito emocionante estar aqui. Antes mesmo dos curtas começarem, eu já estava chorando, olhando aquela tela grande e o espaço onde eu estava. Vai fazer uma diferença enorme na minha carreira, e também Alagoas tendo essa projeção internacional”, contou a diretora, que também integra o programa La Factory des Cinéastes, voltado para novos cineastas.

Ulisses Arthur e o “Não Estamos sonhando”

Outro nome importante na delegação alagoana foi o cineasta viçosense Ulisses Arthur, que teve seu longa “Não Estamos Sonhando”, selecionado para o programa Goes to Cannes, dedicado a apresentar filmes em pós-produção a curadores e agentes internacionais. Sua participação foi um reflexo da crescente visibilidade do audiovisual alagoano no mercado global, conectando produtores locais com investidores e canais de TV internacionais.

Os talentos de Alagoas no elenco de “O Agente Secreto”

Na competição principal, o longa O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho, causou impacto com uma calorosa recepção, incluindo mais de 10 minutos de aplausos no final da exibição. O filme, que competiu pela Palma de Ouro, contou com a participação de dois alagoanos de destaque: os atores Ana Olívia e Igor Araújo. Eles, ao lado da atriz Aline Marta, brilharam no elenco do filme, evidenciando a inserção de talentos de Alagoas em grandes produções internacionais.

Cacá Diegues recebe homenagem no Festival de Cannes com documentário sobre sua vida

Além dos destaques alagoanos, o Festival de Cannes também prestou uma emocionante homenagem ao cineasta Cacá Diegues, que faleceu em fevereiro deste ano. O evento exibiu o documentário “Para Vigo me voy, que revisita sua trajetória e legado. 

O filme, traz imagens das últimas entrevistas do diretor, inclui passagens de sua filmografia e recordações pessoais, e é uma referência ao seu icônico Bye Bye Brasil, que o levou a concorrer pela Palma de Ouro em 1979.

O documentário foi exibido na presença de Renata Magalhães, esposa de Cacá, e de sua filha Isabel. Durante a exibição, o produtor Diogo Dahl e a codiretora Karen Harley lembraram a importância do cineasta para o cinema brasileiro e sua luta pela liberdade, pela democracia e pelo protagonismo negro. 

“Cacá, além de cineasta, lutou muito pelo cinema brasileiro, pela continuidade do cinema brasileiro, pela democracia, pela liberdade, pelo protagonismo negro”, afirmou Karen, destacando o papel fundamental de Cacá na construção do cinema brasileiro contemporâneo.

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