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Huná: do Vergel do Lago para o mundo

Texto de Gabriely Castelo

“Podem até te dizer que saímos da sua costela

Mas são vocês que saem das nossas pernas

Antes de mais nada, queria reforçar

Não ando sozinha, nem nunca vou andar

Minha ancestralidade sempre vai me elevar”

– Remexo – Huná

A Revista Alagoana entrevistou a cantora alagoana Alice Steffane Santos Barboza, artisticamente conhecida como Huná.

A cantora de rap teve uma formação cristã, aos 13 anos fazia parte da banda da igreja que frequentava em sua infância. Aos 20 anos, a compositora e rapper do bairro Vergel do Lago, em Maceió, lançou durante a pandemia seu primeiro EP, dividido em duas partes, que leva o nome HUNÁ.

– Quais os maiores desafios você encontra fazendo música em Maceió?

Huná: Um dos maiores desafios para mim, enquanto artista, é a invisibilidade que nós temos. Sinto que ainda não sou vista como uma representante, sendo que venho com grande potencial para representar vários espaços, inclusive Alagoas.

– Você canta músicas que empoderam mulheres. Como é pra você ser mulher nesse meio, cantar músicas que abordam esses assuntos?

Huná: Desafiador e gratificante. Estar no meio que estou inserida é um tanto quanto revolucionário. Mulher preta no meio do rap, fazendo o que um dia foi dito que não poderia, sinto que consigo levar voz para outras mulheres.

“Remexo” foi a primeira música do projeto e ficou entre as cinco melhores músicas alagoanas de 2020, segundo o 082 Notícias por Madson Costa.

– Na música “Remexo”, do EP HUNÁ, como podemos interpretar o trecho “tive que pensar fora da caixa, já estava abafada, com tanta ideia errada, já tô cansada pra caralho de homens como você”?

Huná: Foi mais um desabafo. Remexo foi a primeira música escrita por mim e bem no final de um relacionamento agitado. Não teria como vir outra letra num momento que foi tão delicado pra mim.

– Com quem você busca se comunicar e dialogar nas suas músicas?

Huná: Não coloco rótulos em quem pode ou não me ouvir, sabe? Faço música para alcançar pessoas, de forma geral. Mesmo abordando temas que enaltecem as mulheres, quero que todos possam ouvir e sentir.

– Como tem sido ser tão livre em suas letras, por falar o que os homens já falam há muito tempo?

Huná: Tem sido incrível. Há muito tempo foi imposto o que nós, mulheres, devemos fazer. Poder levar liberdade em forma de arte é lindo e esperançoso. Mesmo que a música ainda tenha muita influência masculina, nosso espaço tem crescido e com certeza ainda vai se expandir muito.

– Em que nível o machismo e o racismo já te impediram de chegar aos seus objetivos ou a atrapalhou no seu trabalho?

Huná: O racismo assim como machismo, estão enraizados na mente das pessoas. Mesmo sem perceber, alguns agem dessa forma. Até agora fui atingida indiretamente por ambos e ainda não sofri nenhum problema direto, pelo menos não no meio da música. Mas acredito que não vá demorar muito até passar pela primeira situação.

Má, último lançamento da artista, foi inspirado na música Rules, da cantora norte-americana Doja Cat.

– Na sua nova música “Má” podemos ouvir uma mulher confiante, como foi o processo de construção da sua autoestima?

Huná: Quando mais nova me sentia feia, via meus traços feios, não conseguia aceitar meu cabelo. Em 2015, passei pela transição capilar e fui aprendendo a me amar e enxergar beleza em mim. É um desafio diário esse de amar, sinto minha autoestima ainda mais forte quando estou cantando. Mas nem sempre foi assim.

– A pandemia teve algum impacto na sua carreira?

Huná: Na verdade, foi na pandemia que iniciei os trabalhos. Tirei tudo do papel e os transformei em projetos em andamento. Mas foi muito preocupante,  porque meu trampo envolve várias outras pessoas e a COVID pedia afastamento. Juntamente da produtora que estava desenvolvendo as músicas, seguimos as normas e diretrizes e fizemos tudo de uma forma que não pudesse prejudicar ninguém. O maior impacto foi manter os trabalhos.

– O que podemos esperar dos trabalhos futuros?

Huná: Muito empoderamento e sensualidade. Tenho um EP disponível em todas as plataformas, onde falo sobre términos e volta por cima. Logo em seguida vem Má, que foi escrita e pensada com o intuito de mostrar o quão bem nós podemos ficar depois de alguns problemas. E os próximos trabalhos virão variados nessas vertentes, amor, empoderamento, riqueza e afins.

– Onde você encontra apoio para continuar sendo artista diante de todas as dificuldades?

Huná: Família e amigos. Sou muito abençoada com relação a apoio, não me falta em casa e nem na rua. Isso me deixa confiante para seguir nesse caminho.

A Revista preparou uma playlist para você conhecer melhor o trabalho da rapper alagoana.

Para conhecer um pouco mais do trabalho da cantora acesse suas redes sociais.

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